quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O MEIO DA VIDA


Os efeitos da Metanóia na perspectiva Junguiana




Segundo a psicologia analítica desenvolvida por Carl Gustav Jung (1875-1961), dos 35 aos 50 anos de idade, chegamos a fase do Desenvolvimento Humano denoninada de Meia Idade ou Meio da Vida.
Conforme a ideia proposta pelo presidente da Associação Internacional de Psicologia Analítica, Murray Stein (2007), esta é a fase do enterro das seguranças e da identidade perdida. Mudanças de humor, limitações da vida, ataques de pânico, momentos de nostalgia, períodos de luto, e principalmente a negação de que tudo isso esteja acontecendo, são carcterísticas muito presentes nesta fase do desenvolvimento.
De acordo com Murray Stein (2007), o meio da vida trata-se de um momento onde o Self (nossa totalidade – Si Mesmo) tenta tomar o controle de nossa psique, correspondendo assim, ao início do processo de Individuação.
É um tempo de muitos questionamentos e transformações. Podemos concluir que esta etapa consiste num forte empurrão do Inconsciente que aparece de forma repentina, nos desconcertando e carregando em si uma extrema reviravolta. Trata-se de uma etapa dolorosa, pois, sempre soubemos que ela um dia chegaria, no entanto, nunca esperamos, de fato, por ela.
Através dos estudos de Stein (2007), podemos interpretar esta etapa como uma mensagem que é transmitida pelo nosso Inconsciente. Esta mensagem precisa ser assimilada, caso contrário, o não-entendimento desta mensagem poderá se desenvolver de forma muito mais dolorosa e dramática. Podendo se manifestar através de graves acidentes, somatizações, AVCs, enfartes e o desencadeamento das mais variadas doenças. Todos esses acontecimentos relacionados com os estudos da psicossomática é o que denominamos “demônio do meio-dia” na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.
A Psicoterapia nesta fase da vida torna-se uma peça fundamental na jornada do autoconhecimento.
Chegar a “meia idade” significa fazer um balanço consigo mesmo, assim, realizamos o auto exame de nossas vivências, originando, de certa forma, uma espécie de crise existencial. Com certa frequência, este é um tempo de depressão.
Segundo Murray Stein (2007), nesta fase da existência humana, o indivíduo não tem mais a mesma disposição de antes. Em muitos momentos se vivencia a tristeza e a insegurança e os cabelos brancos começam a dar o “ar” de sua graça.
A Juventude ficou para trás, entra-se agora em uma outra etapa da vida. Eis a tão comentada Metanóia.  Metanóia pode significar: expansão da consciência, ir além da razão lógica, transcender, converter-se, ter mudança de crenças ou visão de mundo.
O principal tarefa da análise Junguiana é conduzir o analisando ao seu estado de Metanóia. Nesta fase de transformação e mudança de crenças e valores, é importante ressaltar que, é preciso também voltar ao “primeiro amor”, isto é, ir em busca daquilo que é meu e que, de alguma forma, eu deixei para trás em benefício do outro.

Evandro Rodrigo Tropéia
Psicoterapeuta
CRP: 06/143949

Referência Bibliográfica:

STEIN, Murray. No meio da Vida: Uma Perspectiva Junguiana – São Paulo: Paulus, 2007.


CONFRONTANDO OS FANTASMAS DA CULPA




Enfrentar a vida sempre exige de cada um de nós um esforço quase que sobrenatural. Uma das coisas que mais nos assombra é o fardo do passado e as incertezas que nos rodeiam em relação ao futuro.
O preço que pagamos por um passado sobrecarregado é a Culpa, enquanto que  o preço que pagamos pela incerteza do futuro é a Ansiedade. O peso da culpa nos torna cada vez mais incapazes diante da vida.
A maioria de nossos comportamentos, consciente e inconsciente, são movidos por culpa, vergonha, ansiedade, medo e outros fantasmas que envolvem nossa alma. O sentimento de culpa se revela em nossas vidas através de três maneiras:
·        Evitação;
·        Supercompensação;
·        Autosabotagem.
A culpa manifestada através da evitação nos leva para longe das condições normais da vida. Neste cas, a culpa nos traz a sensação de indignidade. “Não sou digno de estar neste local!”
A culpa revelada pela supercompensação é aquela que compensamos a nossa culpa através de atitudes compensatórias. Por exemplo: o pai que se sente culpado pela ausência na vida do filho, compensa a sua culpa através da compra de meios materiais.
A autosabotagem consiste na autocondenação que o preço da autocondenação que o preço da culpa nos traz. Frases do tipo:
- Sou um monstro
- Estou condenado ao inferno!
- Nada pode me salvar!
Este tema tão complexo nos remete ao tão temido reconhecimento de nossa sombra (Aspecto sombrio de nossa personalidade).
Quando reconhecemos e assuminos nossa culpa, podemos encontrar a nossa real libertação. Reconhecer é dar um novo significado, para que assim, possamos não carregar mais o peso de uma determinada culpa.
Reconheça a sua sombra e ela não mais te dominará.
A culpa pode ter o poder de nos destruir, mas quando a reconhecemos e ressignificamos a dor que ela nos causa, o sentimento de culpa pode se tornar um importante aliado no processo do despertar de nossa consciência.
A culpa pode se manifestar através das constantes autoacusações, isto é, pela cobrança e pela rigidez com que o sujeito  trata aele mesmo, através de um mascarado  sentimento de inferioridade que na realidade expressa um sentimento de superioridade.
Para a Psicologia profunda de Carl Gustav Jung, o sentimento de culpa é um dos maiores males que atingem  a civilização. É muito comum utilizar este sentimento, e essa utilização está contida no universo do inconsciente, com o objetivo de tentar controlar uma situação negativa, de repulsa, que está no limiar da assertividade ou não.

Evandro Rodrigo Tropéia
Psicoterapeuta
CRP: 06/143949


EXPRESSÕES DO INCONSCIENTE NA PSICOLOGIA ANALÍTICA: MANDALA





A partir do pensamento psicanalítico proposto por Sigmund Freud (1856-1939), houve considerável mudança de vértice na psicologia, sociologia, antropologia. Esta mudança ocorreu através da construção de um modelo de aparelho psíquico que consiste numa espécie de mapa mental.
Este mapeamento da psique segundo a psicologia analítica Junguiana é formado por três importantes elementos:
             Ego;
             Inconsciente pessoal;
             Inconsciente coletivo.
A definição do Inconsciente pessoal, segundo Carl Gustav Jung, se assemelha a ideia proposta por Freud. O Inconsciente é parte mais profunda da mente, trata-se do lugar do eu onde se sente mas não se sabe. A partir dos estudos de Sigmund Freud, entendemos que não temos controle desta área do psiquismo a não ser por repressão. Tudo aquilo que o ego (eu) não suporta migra para o inconsciente se tornando um conteúdo reprimido.
O Inconsciente é atemporal e não trabalha com a idéia de espaço. O inconsciente tem como objetivo principal a tarefa de equilibrar a Psique. Este trabalho do inconsciente consiste na Auto-regulação psíquica, que  se refere a tendência do inconsciente em manifestar conteúdos não vivenciados na consciência, de forma que o sujeito viva inconscientemente o que está reprimido, equilibrando e regulando a psiquê.
Existem diversas maneiras que o Inconsciente encontra para a sua manifestação. Neste artigo, quero compartihar com o caro leitor, uma das formas de manifestação do Inconsciente mais apaixonante, segundo Carl Gustav Jung, que são as Mandalas.


Através de seus minuciosos estudos, Jung analisou que as mandalas consistiam nas mais variadas formas de elaboração dos conteúdos interiores do ser humano, e no seu estudo das manifestações do inconsciente, seus analisados produziam de forma espontânea desenhos de mandalas, sem saber o que ela é ou o que estavam fazendo, e ele dizia, que isso tende a acontecer com pessoas que possuem um progresso muito grande na sua individuação.
“O Self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal - como um círculo, mandala, cristal ou pedra - ou pessoal como um casal real, uma criança divina, ou na forma de outro símbolo de Divindade.”(Fadiman e Frager, 2002, p. 56 na ed. Harbra)
O termo Mandala nos remete a uma palavra Sanscrita para círculo de cura ou mundo inteiro. É uma representação do universo e de tudo o que nele contém. Os círculos sugerem totalidade, unidade do ser com o universo, o útero materno, completude e eternidade.


A Psicologia analítica de Carl Gustav Jung nos ensina que a mandala pode ser um instrumento terapêutico utilizado de diversas maneiras:
·         Desenvolvimento pessoal;
·         Desenvolvimento espiritual;
·         Promover cura;
·         Harmonização de pessoas e ambientes;
·          Dança;
·         Arte,
·         Arquitetura.
De acordo com o pensamento elaborado por Carl Gustav Jung , podemos afirmar  que a mandala serve para ativar, energizar, irradiar, concentrar, absorver, transformar, transmutar, curar e espiritualizar as pessoas que trabalham com elas, um ambiente que se quer fazer especial ou até mesmo para algo que se quer alcançar.


Encontre seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça terapia!

(Evandro Rodrigo Tropéia)

Referências Bibliográficas:
 HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.