quarta-feira, 11 de abril de 2018

O PAPEL FUNDAMENTAL DOS PAIS NO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE HUMANA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO





Assim como o corpo necessita de alimento para crescer e se sustentar, a Personalidade também necessita de experiências adequadas para individuar-se.
O Processo de Individuação proposto por Carl Gustav Jung (1875-1961) consiste no indivíduo que inicia a sua vida numa espécie de totalidade indiferenciada. Bem como uma semente que cresce e se transforma numa bela árvore, o ser humano se desenvolve para chegar à sua totalidade, ou seja, a personalidade Plena.
O sujeito começa como uma simples estrutura e vai se transformando numa estrutura complexa, assim como uma larva se desenvolve e se transforma numa Borboleta. (HALL; NORBDY, 1980)
Segundo Jung (2009), a Psicoterapia é um Processo de Individuação.
Através deste  artigo, desejo compartilhar com os caros leitores o importante papel dos pais no processo de Desenvolvimento da criança e no caminho da Individuação da mesma.



Primeiramente, vamos discorrer sobre a importância da função paterna no desenvolvimento da criança. A figura paterna carrega em si, a responsabilidade de indicar o caminho, isto é, através de sua presença paternal, além de ter a função de ser o provedor, o protetor e o abrigo seguro, o pai deve ser aquele que aponta o caminho e nos dá a direção. 




Esse direcionamento é dado através da postura e da própria personalidade do pai. Quando a figura paterna deixa de exercer o seu papel e não oferece a liderança necessária, através do seu exemplo, fatalmente a criança irá se desenvolver sem nenhuma direção e segurança na vida.



Todo indivíduo poderá sofrer graves consequências ao perceber que o pai não respeita seus superiores ou trata mal os seus subordinados, ou seja, as atitudes de um pai falam muito mais do que mil palavras.
O pai insuficiente é aquele que sempre está ausente e que vive ocupado. É importante ressaltar que o trabalho, por mais tempo que ele possa tomar da vida de uma pessoa, não pode, de maneira alguma, ser obstáculo na educação e na convivência com a criança. Deixo aqui um alerta: Pai, não se afaste do seu filho! Reserve o melhor de si para a criança!

Vamos conversar um pouco sobre o papel fundamental da figura materna. A mãe carrega em si o dever de cuidar da criança. É fundamental ressaltar que os cuidados maternos são exigidos em todos os estágios da infância e da adolescência.




Podemos afirmar que nos primeiros anos de vida a criança não possui uma identidade própria. Tal fato nos remete a concluir que a psique da criança é o reflexo dos pais, principalmente da mãe. Os primeiros estágios do desenvolvimento infantil são de fundamental importância na vida de um ser humano. 




A ausência da mãe durante as primeiras etapas da vida, provavelmente trazem consequências graves e extremamente dolorosas.





O calor da mãe é também fundamental nos anos seguintes da vida de uma pessoa, principalmente na adolescência. Em muitas ocasiões, a maioria das pessoas, acham que o adolescente já está “grande” demais e não necessita mais de colo e atenção. Grave engano! Necessita e muito! É justamente nesta etapa da vida que seu filho ou sua filha mais necessitam de apoio, carinho e dedicação. Negligenciá-lo nesse estágio, pode se configurar numa catástrofe total.
O fato da mulher trabalhar fora, assim como no caso do pai, não pode ser uma barreira no contexto educacional da criança ou do adolescente. O contato estabelecido entre mãe e filho, jamais deverá ser medido por um relógio e sim pelo seu valor interior. Faça com que o momento em que você estiver com seu filho seja um momento único e valoroso!



A mãe é o primeiro elo do ser humano com o mundo.
O Nascimento em si, gera no bebê sua primeira experiência extremamente assustadora, onde a criança sai de um mundo totalmente acolhedor e caloroso do ventre da mãe e migra para um mundo completamente caótico e inseguro.
O colo acolhedor da mãe é para o bebê um conforto, um abrigo seguro e um espelho no qual ele é refletido e percebe então a sua própria existência.

"O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe: A sua expressão, o seu olhar, a sua voz.[...] É como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo! (D. W. Winnicott)

Uma criança quando não é desejada e passa a ser rejeitada, não conhece o amor e a cooperação no seio familiar. Não sentem confiança em suas habilidades e não se sentem dignas de receber amor e afeto dos outros, pois não tiveram as condições mínimas necessárias para isso. 
Quando adultos podem se tornar frios, duros ou extremamente carentes e dependentes da aprovação e do reconhecimento das outras pessoas.
Segundo Hall e Norbdy (1980), a Psique infantil a priori, está sujeita a refletir todos os distúrbios psicológicos dos pais. Como conseqüência, a psicoterapia dos filhos consiste em realizar a análise dos pais.
De acordo com o pensamento proposto por Jung (2016), quando a criança inicia a sua vida escolar, sua identificação com os pais vai diminuindo, passando a desenvolver aos poucos sua própria individualidade.
Jung (2009) relata que, não se pode deixar de mencionar o perigo existente no fato de que muitos pais continuam a exercem extremo domínio sobre o filho com excesso de super proteção, tomando decisões por ele e assim, impedindo que a criança tenha uma ampliação de suas experiências. Caso isso ocorra, a individuação dessa personalidade também ficará altamente prejudicada.
O mesmo perigo poderá ocorrer quando um dos pais, ou ambos tentarem impor para a criança a sua própria constituição psicológica, ou se um dos dois procurar compensar as suas fraquezas psíquicas, encorajando o filho a desenvolver na sua personalidade individual aquilo que na verdade é desejo dos pais. Por exemplo: Pais introvertidos querem que os filhos sejam como eles, ou também pais introvertidos que desejam que seus filhos sejam o oposto. Em qualquer um dos casos, a criança ficará prejudicada e sofrerá desequilíbrio (JUNG, 2009).
Conforme Hall e Norbdy (1980), a função Materna é diferenciada com relação à função Paterna. A relação do menino com a mãe indicará de que maneira a sua Anima (parte feminina na psique masculina) vai se desenvolver, enquanto que a relação com pai determinará o desenvolvimento da Sombra. Com uma menina acontece o oposto. A relação da menina com o pai indicará de que maneira seu Animus (parte masculina na psique feminina) vai se desenvolver, enquanto que a relação com a mãe determinará o desenvolvimento da Sombra.
No entanto, tanto o pai como a mãe contribuem consideravelmente para a formação da Persona da criança.


Evandro Rodrigo Tropéia

Psicoterapeuta
CRP: 06/143949



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HALL C.S. e NORDBY V. J. Introdução à Psicologia Junguiana, São Paulo, Cultrix, 1980.

JUNG, C. G.  A Natureza da Psique. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

JUNG, C. G. Memórias, Sonhos e Reflexões. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2016.

O Brincar em Winnicott - http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/33505/o-brincar-em-winnicott