quarta-feira, 29 de março de 2017

PUER E SENEX NA PSICOLOGIA ANALÍTICA O EQUILÍBRIO ENTRE MATURIDADE E JUVENTUDE



O Psiquiatra Suiço Carl Gustav Jung (1875-1961) definiu o termo Arquétipo como uma maneira de nos orientar em relação ao padrão de comportamentos e emoções ou até mesmo as imagens que se encontram na totalidade de nossa psique.


Marie Louise Von Franz


Segundo Von Franz (2008), na Psicologia Analítica proposta por Jung, os arquétipos são as vivências da humanidade que ficaram registradas ao longo dos tempos e das experiências do Homem que são manifestadas através dos sonhos, dos símbolos, da literatura e até mesmo dos cinemas.





Neste artigo, estaremos compartilhando com o caro leitor, dois importantes arquétipos da Psicologia Junguiana: Puer e Senex.
Na realidade, o Puer e o Senex possuem respectivamente como referências a figura do Jovem e do velho. Essas referências podem ser configuradas através das atitudes, das vivências e dos comportamentos de um ser humano.
O Puer é o que denominamos a eterna criança em seu mundo de sonhos, brincadeiras e fantasias. O Arquétipo Puer nos remete aquela criança que nunca cresce não se desenvolve e não amadurece. Um dos exemplos mais comuns deste arquétipo se faz presente no personagem Peter Pan.


O Arquétipo Senex é o que definimos como sendo aquele adulto sério demais, comprometido com suas vivências, sempre carregado com muitas responsabilidades e cuidados para com tudo o que o cerca.
Segundo Carl Gustav Jung, os arquétipos Puer e Senex se destacam pelas suas polaridades positivas e negativas.

No arquétipo Puer, podemos encontrar os seguintes aspectos:
·         Curiosidade;
·         Liberdade;
·         Pressa;
·         Fantasia;
·         Desligamento da realidade;
·         Sensação de “Tudo Posso”.

No Arquétipo Senex, encontramos os seguintes aspectos:
·         Lentidão;
·         Paz;
·         Impotência;
·         Negatividade;
·         “Pés no chão”;
·         Voltado para a realidade.

Para Von Franz (2008), o arquétipo Puer se define como a imagem da criança divina e representa a renovação da vida, o fortalecimento da juventude em nossa psique. No entanto, essa criança divina carrega em si a sombra da infantilidade, que pode impedir o progresso e também fazer com que nos tornemos dependentes e até mesmo preguiçosos. Tornamos-nos fugitivos diante dos problemas da vida e não amadurecemos.


Segundo Hilmam (1999), Puer e Senex não podem ser definidos como arquétipos distintos um do outro, pois eles formam apenas um. Juntos eles formam o Pai Tempo e o Jovem Eterno.
Todos nós temos essas duas vivências representadas nesses Arquétipos unidos. Por isso, é importante ressaltar a busca pelo equilíbrio entre as polaridades.
Em muitos momentos na vida é preciso resgatar a criança que reside em nós, para podermos encarar as duras realidades que a vida nos impõe e que carregamos em nós mesmos. Mas também, não se pode ser criança o tempo todo. Precisamos crescer, evoluir e assumir as responsabilidades que a vida nos propõe.
Tudo aquilo que não é canalizado de uma forma sadia, torna-se unilateral. Toda unilateralidade é prejudicial assim como todo desequilíbrio é patológico.
Assim, concluímos que o arquétipo Puer tem como função plantar, fazer brotar e florescer, enquanto que o Senex se responsabiliza pela colheita dos frutos que a psique produz.

Encontre seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça terapia Junguiana!





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BERNARDI, Carlos. Senex.et.puer: esboço da psicologia de um arquétipo. In: MONTEIO, Dulcinéa, M. P.(Org). Puer-Senex. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes, 2008

FRANZ, M. L.Von. Puer Aeternus: a luta do adulto contra o paraíso da infância. São Paulo: Paulus, 1992.

JUNG, Carl Gustav. A psicologia do arquétipo da criança. In: Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Petrópolis: Vozes, 1951






quarta-feira, 22 de março de 2017

PROCRASTINAÇÃO – PERSONALIDADE OU QUESTÃO DE ESCOLHA?


Quero iniciar o presente artigo, deixando um questionamento reflexivo ao caro leitor: Procrastinar é algo que parte da Personalidade do Indivíduo ou simplesmente uma questão de escolha?
O termo Procrastinação nos remete ao ato de adiamento ou prolongamento de uma determinada situação para ser resolvida depois. Pode ser considerado como um comportamento normal ao ser humano, pois envolve muitas coisas referentes a individualidade de cada ser humano, tais como a angústia, o medo do sucesso e o medo do fracasso.
Em sua origem, a palavra “procrastinar” se originou a partir do latim procrastinare, que significa “à frente de amanhã”, na tradução literal. Procrastinação consiste em deixar para o amanhã aquilo que se pode solucionar hoje.



No entanto, o desequilíbrio neste contexto se torna muito prejudicial a partir do momento que afeta o funcionamento de rotinas pessoais, emocionais ou profissionais, impedindo o indivíduo de seguir determinado foco e cumprir um objetivo.




Na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961) é importante relembrar que não devemos tomar nada como uma regra generalizada e não podemos de maneira alguma estabelecer qualquer espécie de julgamento direto e rotulações para todo e qualquer ser humano. Não carimbamos a vida de ninguém!

"Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos."
(Carl Gustav Jung)

Na concepção Junguiana, o ato de procrastinação não poderá de maneira alguma ser considerado como um transtorno psicopatológico, mas sim como uma forma de decisão de como levar a nossa própria vida. De acordo com o nosso tempo e a nossa própria estrutura de personalidade. Trata-se de um padrão de comportamento que geralmente afeta em si todas as situações com as quais estamos inseridos. Quem procrastina no trabalho, procrastina nos relacionamentos, procrastina na vida financeira e afetiva. Porém, o ser humano está em constante transformação e devido a isso estamos sempre abertos às mudanças, sejam elas emocionais e até mesmo padrões de comportamento. 


É preciso assumir a responsabilidade de si mesmo junto com a própria consciência para se realizar a melhor decisão. Diante da vida, estamos exposos diariamente a processos de escolha e decisão. Portanto, se a sua escolha orienta para a  procrastinação, que o fruto dessa escolha seja colhido de forma consciente, sabendo das suas prováveis consequências.
Tudo na vida deve ser regido pelo equilíbrio, com a procrastinação não é diferente. Tudo depende da maneira que canalizamos nossas energias e valorizamos cada área ou situação.
Segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), a Canalização de Energias consiste na carga de valor que direcionamos a determinadas situações ou pessoas. Se esta for má direcionada, claramente será uma intensa fonte de desequilíbrio. Um exemplo clássico acontece quando um aluno está pensando muito no vídeo game que está em casa e não vê a hora de jogar, como conseqüência disso, não presta atenção nas aulas, tem uma grande dificuldade de concentração, e tudo o que está sendo apresentado pela professora, não tem a menor importância pra ele. Deixa tudo isso para amnhã ou para uma outra hora.
O autoconhecimento é a peça fundamental para a solução desse problema.

Encontre seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça terapia!

(Evandro Rodrigo Tropéia)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HANS DIECKMAN, Berlim (Revista de Psicologia Analítica – Vol III, nº 1 – Março 1972) – trad. Denise Mathias e João Bezinelli

HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.


Seja Líder de Si Mesmo, A. Cury. Ed. Sextante, Rio de Janeiro, RJ, 2012.