quinta-feira, 2 de agosto de 2018

INDIVIDUAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE




Segundo o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), o processo de individuação é o conceito-chave do desenvolvimento da personalidade humana. Assim como o nosso corpo precisa diariamente do alimento para crescer e se manter, a personalidade necessita de experiências adequadas para individuar-se.


A personalidade, de acordo com Jung, trata-se de um sistema que vai se diferenciando dentro de si mesmo. O Sistema começa com uma simples estrutura e vai se tornando uma estrutura complexa, assim como uma larva que atravessa um processo extremamente doloroso até se transformar numa bela borboleta.




Na concepção de C. G. Jung, o termo ‘individuação’ nos remete a um processo através do qual o ser humano se torna realmente um ‘individuum psicológico’, ou seja, ele se transforma em uma unidade autônoma e indivísivel, se tornando uma totalidade.
Através do pensamento proposto por Jung, o ego que atravessa o processo de individuação é capaz de proceder a sutis discriminações entre suas percepções de mundo. Dessa maneira, a persona, a sombra, o animus e a anima, e os mais variados arquétipos do inconsciente coletivo, assim como os complexos que são formados no inconsciente pessoal passam a se expressar de forma mais amena à medida que vão se individualizando.


Para que a Individuação aconteça, é fundamental que o Ego participe ativamente do processo, pois a função do Ego é promover a motivação para a caminhada, no entanto, quando o Ego percorre o caminho no sentido contrário, o processo tende a ser mais doloroso e muito mais árduo.
Segundo Hall e Nordby (2003), o caminho da individuação nos remete a um processo autônomo e inato, significando então que tal caminho não necessita de nenhum estímulo externo para que ele possa existir, pois este caminho vem de dentro, é interno.
Para Hall e Nordby (2003), a individuação é um destino, assim como o corpo está destinado ao crescimento. O ser humano só poderá individualizar-se na medida em que o Ego for permitindo que as experiências recebidas se tornem parte da Consciência.



A Consciência e a Individuação caminham juntas, passo a passo no desenvolvimento de uma personalidade, pois o início da formação da Mente Consciente marca também o início do processo de Individuação.



Conforme os estudos de Jung, para que o desenvolvimento da personalidade humana seja saudável, é muito importante que sejam dadas a todas as facetas da personalidade oportunidades iguais de se individualizar. Afinal de contas, se uma parte de nossa personalidade não encontrar uma devida atenção, esta parte ignorada poderá encontrar meios ‘anormais’ para se expressar.
De acordo com Hall e Norbdy (2003), a inflação de um determinado sistema pode gerar uma personalidade tendenciosa e assimétrica.
Através dos minuciosos estudos elaborados por C.G.Jung, chegamos muito próximos de uma conclusão sobre a importância da busca pelo equilíbrio e pelo conhecimento de si mesmo.
Hall e Norbdy (2003) pontuam que somente através da educação da consciência se pode chegar à Individuação.
Segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), a meta suprema da educação é tornar consciente tudo aquilo que é inconsciente.
A Psicoterapia tem um papel fundamental no contexto do autoconhecimento , fortalecimento e direcionamento do Ego, no sentido de que o analista e o analisando se unem na tarefa do pensar. Podemos afirmar que o processo terapêutico é de fato o processo de individuação.


Jung nos aponta que o Ego de uma pessoa altamente Individuada permite que um maior número de elementos psíquicos se torne consciente, gerando assim um equilíbrio fundamental em sua estrutura.

(Evandro Rodrigo Tropéia)

Referências Bibliográficas:

 HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.

A EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA ANALÍTICA




A Psicologia Analítica Junguiana também pode ser reconhecida como a psicologia complexa ou profunda. Este ramo da ciência que estuda a mente humana foi desenvolvida a partir da tese de doutorado de Carl Gustav Jung (1875-1961).
Nos últimos anos, tem sido notável o crescimento da psicologia analítica no Brasil e no mundo. A cada ano que se passa as pessoas estão se tornando cada vez mais abertas ao conhecimento do mundo externo e tudo o que nele contém. No entanto, o fator que mais tem contribuído para a evolução da psicologia desenvolvida por Jung é a busca constante pelo autoconhecimento que o ser humano tem projetado como uma meta de vida.
É importante refletirmos que a nossa vida tem o caminho que traçamos na busca pelo destino que almejamos. Na realidade, podemos ponderar que o processo psicoterapêutico é comparado a uma viagem. Essa viagem carrega em si uma função fundamental que consiste em nos levar até o conhecimento do mundo mais complexo, porém o mais fascinante que existe: o mundo do conhecimento de Si Mesmo, o tão esperado encontro com o Self.
Na concepção de Carl Gustav Jung, os caminhos do autoconhecimento se desenvolvem da seguinte maneira:
          O Indivíduo se liberta de uma condição autista ( que consiste em sair da condição da solidão egóica);
          Passa pelo Humor Boro (uroboro) – Fechado em si mesmo;
          Entra na dinâmica do Matriarcado;
          Entra na dinâmica do Patriarcado;
          Através da Alteridade, o indivíduo chega na Individução.
Conforme os estudos elaborados e propostos por Carl Gustav Jung, a alteridade consiste num movimento evolutivo nescessário que faz o indivíduo sair de si mesmo para se olhar com os olhos do outro.




Na concepção de Jung, o verdadeiro desenvolvimento da personalidade acontece em nível inconsciente. Nesta linha de pensamento, podemos dizer que as personalidades e os complexos existentes na parte desconhecida da psique humana conseguem ser personificadas através dos sonhos.





A partir deste contexto, Jung desenvolve uma nova técnica terapêutica denominada “Imaginação Ativa” e o conceito teológico conhecido como “Individuação”, tendo como objetivo principal o desenvolvimento pessoal e a totalidade, ou seja, tornar-se um ser humano completo.


De acordo com Carl Gustav Jung, caminhamos em busca de nós mesmos para atingirmos a nossa individuação. Os pensamentos que nos norteiam nesses caminhos para a felicidade ocorrem através do autoconhecimento.
Diante de todos os aspectos que estudamos e estamos vivenciando através desse artigo, podemos dizer que toda a obra de Jung é um reflexo de sua vida pessoal. Ele se entregou completamente para as suas experiências, esta entrega e esta vivência deram origem a toda Psicologia Junguiana.
A psicologia analítica é uma das abordagens da “ciência” psicológica mais fortes que detém o poder de nos auxiliar de forma extraordinária em relação ao contexto do conhecimento de Si mesmo, do conhecimento da Persona e principalmente no que diz respeito ao nosso autodomínio perante a nossa sombra.
Portanto, a Psicologia Analítica é uma ciência!
Com o passar dos anos, através de seus estudos e de suas experiências, Carl Gustav Jung observou a relação de Cura com a integridade e Consistência. A pessoa só é curada quando está integra e consistente. Se o indivíduo perdeu sua integridade, ele perdeu a possibilidade da cura.
Cura, eis a palavra mágica! Todas as pessoas querem alcançar a cura!
Para a psicologia analítica, a cura está dentro de cada um.
“Só aquilo que realmente somos, pode nos curar!” (Carl Gustav Jung)

A busca pela tão esperada cura é o aspecto fundamental para o crescimento da Psicologia Profunda desenvolvida por Carl Gustav Jung ao longo de seus mais variados e minuciosos estudos.
Este é o seu momento. Retome a sua jornada e conhece-te a ti mesmo.
Faça Terapia Junguiana!

Autor: Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom