quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O Cíúme


"Ser Normal é uma ficção ideal".
(Sigmund Freud, 1937)

Nesta breve reflexão vamos pensar um pouco sobre o ciúme.
Derivado da palavra "zelumen" que em latim significa "zelo".
O amor se origina também do ciúme, com essa máxima podemos afirmar que dele ninguém escapa.
O ciúme está ligado ao amor, porém quando se chega ao extremo causa desvios desconcertantes na mente humana.
O sujeito ciumento está sempre vivendo na dependência do outro e na insegurança que se desenvolve na infância. Essa emoção explode com a necessidade de possuir o objeto amado, gerando em si mesmo a sensação de segurança e afastando de si mesmo o desconforto de sentir a possibilidade de ser substituído pelo outro.
A verdade é que cada pessoa ama do seu jeito e como pode.
Uns amam com muito mais controle, outros com suas paranoias e pensamentos obsessivos.

Quanto mais fraca for a organização pessoal do sujeito e mais instável for o seu sentimento de si mesmo, mais ele investirá seus ideais no outro.

(Evandro Rodrigo)

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Equilíbrio...

Dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos.
Todos tem seu lado obscuro. Se tudo correr bem é melhor nem conhecer.
Nós precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real é o próprio homem."

(Carl G. Jung)


O lado escuro que todos carregam e si mesmos, é o que denominamos "sombra".
O Arquétipo sombra é o lado obscuro do ser humano. Nele contém os instintos mais primitivos da nossa personalidade, onde se encaixam nossas paixões desenfreadas, nossos impulsos e desejos na maioria das vezes desajustados.

O que deve reger uma personalidade sadia é o equilíbrio.

Equilíbrio é saber até onde posso chegar e até onde vai o meu limite. Equilibrar-se implica em autoconhecimento.
Torna-se expressamente impossível alcançar o ponto de equilíbrio sem passar pela estrada do conhecimento de si mesmo.

(Evandro Rodrigo)

domingo, 20 de julho de 2014

Amar-se a si mesmo

É preciso interessar-se por si mesmo. Se você não passar por isso, viverá a vida sempre na esperança e na dependência do "outro" de uma maneira doentia e não de uma maneira saudável.

Por não acreditarem em si mesmas e por terem se tornado dependentes do "outro" de uma maneira doentia, muitas pessoas deixam de acreditar na própria capacidade de amar, acolher e renovar-se. Consequentemente deixam de acreditar em tudo o que está em volta.
Vivem submersas num vazio profundo, onde não enxergam beleza, vida e brilho em nada.


A pior solidão existente na vida é a solidão amarga de não ter a si mesmo.
O caminho para resolver esse problema interior é voltar-se para dentro de si mesmo e se encontrar.
Amar-se a si mesmo é o que nos torna capazes de amar o próximo.


(Evandro Rodrigo)

sábado, 28 de junho de 2014

Resistência à Psicanálise


A Resistência não é contra a Psicanálise em si, mas sim com aquilo que ela traz à tona: o desejo, o amor, o gozo, a ambição, o ódio e as paixões humanas que assustam as pessoas, pois através dessas revelações nota-se um grande risco para as "tranquilidades acomodadas".

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Olho e sou visto, logo, existo!

"O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe: A sua expressão, o seu olhar, a sua voz.[...] 
É como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo!"

(D. W. Winnicott)

A mãe é o primeiro elo do ser humano com o mundo.
O Nascimento em si, gera no bebê sua primeira experiência extremamente assustadora, onde a criança sai de um mundo totalmente acolhedor e caloroso do ventre da mãe e migra para um mundo completamente caótico e inseguro.
O colo acolhedor da mãe é para o bebê  um conforto,um abrigo seguro e um espelho no qual ele é refletido e percebe então a sua própria existência.

(Evandro Rodrigo)

A Verdadeira Beleza da Vida

O nosso mundo interno se torna tão profundamente belo quando damos valor as pequenas coisas simples da vida e essa beleza explode dentro de nós transformando todo mundo externo a nossa volta.
(Evandro Rodrigo)

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Simbolização Espiritual


O Símbolo se encontra na ausência do real (sensorial) do objeto.
Deus: Nunca ninguém viu, ouviu, tocou ou cheirou, apenas podemos senti-lo pela fé, pela emoção e também pela simbolização.
Diante dessa ausência sensorial de Deus, criamos em nós a capacidade de simbolizá-lo em nossa mente e em nosso coração, assim podemos senti-lo no mais profundo da alma e acima de tudo experimentá-lo em nossa vida. Este é o mais belo e enriquecedor processo de espiritualização do "eu".

As pessoas sem fé ficam presas apenas no real sensório, ou seja, acreditam somente naquilo que podem ver e tocar, no geral, são pessoas que não desenvolveram de forma sadia a sua capacidade de simbolização.

Quem tiver ouvidos, ouça!

(Evandro Rodrigo)

sábado, 19 de abril de 2014

Resistência...



“Aquilo a que você resiste, persiste.” 
(Carl Gustav Jung).

Aquele que insiste em semear o ódio, regando as mágoas e cultivando-as sempre no coração, persistirá sempre em uma amarga e solitária colheita em que o único fruto que será capaz de produzir é o da destruição.


(Evandro Rodrigo)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Refletindo sobre o Tempo

O Tempo.
O que vem a ser o tempo?
O tempo passa, o tempo voa
O tempo cura, o tempo dói.
O tempo chora e sorri, desgasta e corrói.
O tempo destrói o que o próprio tempo constrói.
Contemplo o tempo num tempo onde não tenho tempo.
Será que o meu tempo é o teu tempo?
E teu tempo é o meu tempo?
Nosso tempo é Deus?
Tempo é momento?
É passado, presente e futuro?
Não sei definir o tempo.
Só sei que é tempo de dar tempo ao meu tempo
E fazer do meu tempo um impulso para

um novo tempo.

(Evandro Rodrigo, Refletindo sobre o tempo...)



terça-feira, 1 de abril de 2014

Luto e Melancolia

LUTO

O Processo do Luto caracteriza-se no período posterior a perda de algo ou alguém de predominante importância, no qual o sujeito está intimamente e emocionalmente ligado.
Nesse período, o sujeito se recolhe temporariamente em direção ao próprio eu (ego) no sentido de buscar a cicatrização da ferida que a presente dor lhe proporcionou.
Esse processo deve ser conduzido com naturalidade, pois faz parte do curso vital.
O luto é um período de recolhimento, reflexão e principalmente acolhimento. Quando a perda que ocorreu no mundo externo foi acolhida pelo mundo interno, o sujeito inicia seu processo de expansão retornando ao mundo externo após esse período de recolhimento.
O sujeito admite a perda daquilo que amava e deve ter consciência plena dessa perda, e então devido ao sucesso e a maturidade atingida nesse período, ele se volta novamente para o mundo externo de maneira segura e saudável.
O Processo do Luto é um período gradativo, ou seja, deve ser trabalhado e refletido aos poucos, sem bruscas interrupções. Este período deve ser vivenciado de forma intensa e encarado com profundo respeito.


MELANCOLIA

No estado da Melancolia o processo ocorre inicialmente de maneira semelhante ao luto, porém com diferenças cruciais e decisivas.
Na melancolia, também deve ter ocorrido a perda, o sujeito também se recolhe no mundo interno, no entanto, o ego se torna enfraquecido, ocasionando o sentimento de que lhe fora arrancado um pedaço considerável.
O melancólico apresenta seu ego como algo completamente enfraquecido.

No luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego. (FREUD, 1917)

Sigmund Freud (1856-1939)













Na melancolia, o sujeito se coloca em um estado semelhante a morte, juntamente com o objeto perdido.

Quando o sujeito se depara com a perda, o ego carrega em si próprio o peso dessa falta, ele não consegue reconhecer a perda e diante dessa incapacidade, torna-se difícil a cicatrização da ferida e o sujeito se encontra submergido a uma prisão melancólica.
                                                 
Um desanimo profundamente penoso, a cessação da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade e uma diminuição de sentimentos de auto estima, a ponto de encontrar expressão em auto envilecimento, culminando numa tentativa delirante de punição (FREUD, 1917)




quinta-feira, 13 de março de 2014

A "Boa Memória"

Fomos instruídos sob aquela máxima de que ter uma "boa memória" significa guardar tudo o que nos é imposto, desde os mais variados teoremas da Matemática, os grandes fatos marcantes da História, as Leis da Física, as nomenclaturas dos elementos químicos e por aí vai...
Mas na verdade, "Boa Memória" é aquela que nos torna capazes de "Esquecer" tudo aquilo que não faz nenhum sentido.
O verdadeiro conteúdo aprendido é aquilo que fica depois que o "esquecimento" faz o seu trabalho.

(Evandro Rodrigo, inspirado no texto "A memória e o escorredor de Macarrão" de Rubem Alves)



Quebrando Tabus

O significado de ‘tabu’, como vemos, diverge em dois sentidos contrários. Para nós significa, por um lado, ‘sagrado’, ‘consagrado’, e, por outro, ‘misterioso’, ‘perigoso’, ‘proibido’, ‘impuro’. O inverso de ‘tabu’ em polinésio é ‘noa’, que significa ‘comum’ ou ‘geralmente acessível’. Assim, ‘tabu’ traz em si um sentido de algo inabordável, sendo principalmente expresso em proibições e restrições. Nossa acepção de ‘temor sagrado’ muitas vezes pode coincidir em significado com ‘tabu’.


(Trecho do Livro Totem e Tabu de Sigmund Freud)



Quebrar tabus nos remete em derrubar barreiras que consideramos intransponíveis por conta de uma imposição imposta por uma sociedade que se julga altamente civilizada e moralizada.
Os tabus nos impedem de expandir o pensamento, pois somos obrigados a conviver com respostas prontamente formuladas por um determinado sistema em relação a muitos pontos onde existem enormes possibilidades de expansão do pensamento.

(Evandro Rodrigo)


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Novidade Perplexa


Os seres humanos, de maneira geral, estão sempre expostos diante de várias situações cotidianas.
Uma dessas situações mais incômodas é o NOVO.
A novidade torna-se um fator assustador, principalmente se a mente do sujeito não estiver serenamente em harmonia e consolidada com o elo de ligação entre os mundos interno e externo.
Quando nos confrontamos com o "novo", este confronto automaticamente nos impulsiona a buscar também novos conhecimentos, essa busca por esse novo conhecimento denominamos "processo de adaptação".
Algumas pessoas oferecem fortes resistências em relação aquilo que é novo.
Toda novidade gera mudança ou um pequeno desvio de rota, originando assim a sensação de desconforto e isso para muitos torna-se algo insustentável.
Infelizmente, as pessoas mergulham no eterno conformismo: "Assim está bom demais, se melhorar estraga!"
É justamente por isso que a maioria das pessoas concluem que é melhor ser um ignorante feliz do que ficar perdendo tempo em busca de novos conhecimentos.


(Evandro Rodrigo)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Desconhecido Fascinante


O desconhecido é algo fascinante. Torna-se peça fundamental no processo de auto-conhecimento.
Este é um processo doloroso.
O ser humano que ignora o conteúdo do misterioso passa pela vida sem ter experimentado praticamente nada, deixando assim de descobrir coisas maravilhosas e também desagradáveis (afinal, faz parte do processo, por isso torna-se doloroso)  pelas quais nossos olhos não podem ver, nossos ouvidos não podem ouvir e nossas mãos não podem tocar.

Está escrito em Hebreus 11,1: "A Fé é o fundamento da esperança, é uma certeza daquilo que não se vê."
Não estou mencionando esse texto apenas no sentido Teológico e Espiritual, mas também como uma regra, ou melhor, um modelo para a vida em relação ao processo de conhecer a si mesmo.
A fé é a certeza de algo misterioso, onde você é o próprio mistério.
Por isso, sempre ressalto ao importância de se tê-la, pois ela é o fundamento da Esperança e ao contrário do que muita gente pensa, esperar significa movimento.
É preciso ter fé em Deus, mas é imprescindível ter fé em si mesmo. Você é o ponto chave, o elo de ligação com o próprio eu desconhecido.
Se você não acreditar nas suas capacidades, e através do descobrimento do misterioso poder também descobrir suas fraquezas e limitações, como poderá viver em paz com a consciência e viver uma vida plena em todos os sentidos?
É preciso interessar-se por si mesmo. Se você não passar por isso, viverá a vida sempre na esperança e na dependência do "outro" de uma maneira doentia e não de uma maneira saudável.

Evandro Rodrigo

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Processo de Construção


O ser humano assemelha-se a construção de uma casa.
Primeiramente, faz-se necessário o território, onde as bases serão alicerçadas para que se possa dar início a obra.
O Território é o ambiente acolhedor, a base e o alicerce são as pessoas que unidas formam esse núcleo que chamamos de ambiente (família).
Infelizmente observamos que hoje, essa ideia de ambiente acolhedor vem aos poucos perdendo força e valorização mediante as imposições de uma modernidade social, que na realidade não passa de um modismo passageiro.
Afinal, as ideias mudam, os estilos e as modas também mudam com o passar do tempo, pois tudo está em constante movimento, por conta disso, tudo estará sempre em constante transformação.
Porém, há uma etapa da vida que por mais que o tempo passe, por maiores que sejam as transformações pelas quais a sociedade enfrenta e ainda enfrentará , o "Processo de Construção do Eu", será sempre o mesmo: sem uma base sólida, sem um bom alicerce e muito menos sem território (ambiente acolhedor) a construção ficará comprometida, e assim, passará a ficar sempre exposta e propensa a sofrer quedas extremamente bruscas, onde se tornará muito mais difícil recomeçar através do Processo de Reconstrução.

(Evandro Rodrigo)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O Mergulho em si mesmo


Mergulhar significa ir bem fundo, ir além daquilo que se é palpável, visível e concreto.
O ato de mergulhar para muitos é sinônimo de medo, insegurança, receio e dúvidas, enquanto que para outros, representa uma nova chance de recomeçar.
Mergulhar é redescobrir-se em si mesmo. Este é o processo em que denominamos "Reconhecimento do Eu".
Processo doloroso, intenso, e até mesmo desgastante, por outro lado, torna-se prazeroso o ato de descobrir-se gradativamente através das estradas, dos vales e montanhas que existem perpetuamente nas estâncias da mente humana.
Mergulhar é reconhecer em si mesmo o poder do inatingível e da profundidade pela qual devemos buscar constantemente, e assim, descobrir que a cada dia a vida nos proporciona novas possibilidades e novos horizontes que se encontram ocultos por conta da barreira que separa o visível e o invisível.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O homem é dono do que cala e escravo do que fala.

O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo.

(Sigmund Freud)

Quando uma pessoa fala sobre uma outra pessoa, na verdade, inconscientemente ela deixa vir à tona muita coisa reprimida em si mesma.

(Evandro Rodrigo)


domingo, 5 de janeiro de 2014

O Inconsciente



O inconsciente é como a estrutura de um teatro. As lembranças recalcadas, as brincadeiras da infância e os desejos ficam guardados por detrás das cortinas prontos para serem representados no palco.

(Evandro Rodrigo)