Neste artigo, quero compartilhar com o caro leitor a história de uma
grande mulher guerreira, muito a frente do seu tempo.
Considerada como o maior nome da História da Psiquiatria do Brasil de
todos os tempos. Passado, presente e futuro! Jamais será superada!
Nise da Silveira (1905-1999) tem a sua história de vida profundamente marcada
pelos estudos sobre o comportamento do homem e a evolução do tratamento de psicopatologias,
destaca-se de maneira especial a sua dedicação para com a esquizofrenia.
Nise da Silveira é considerada a pioneira na elaboração de pesquisa das
relações emocionais entre pacientes e animais, e defendia o fim de tratamentos considerados
por ela como desumanos, como o eletrochoque, o uso de drogas e o confinamento
clínico.
De acordo com a concepção de Nise, o ato de inventar algo nos concede o privilégio de
participar ativamente do plano de Criação e nos faz cunhar e compreender o
belo. Esse processo nos impulsiona a enxergarmos possibilidades onde nunca
poderíamos imaginar. Nise da Silveira sempre acreditou, batalhou durante toda a
sua vida por isso, muitas vezes sendo ridicularizada e desvalorizada. No
entanto, ela não desanima e nos ensina que para navegar contra a corrente são
necessárias condições raras:
·
Espírito de aventura,
·
Coragem,
·
Perseverança
·
Paixão.
Todo mundo deve inventar alguma coisa, a
criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a
reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente é o estímulo à criatividade.
Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte.” (Nise da Silveira)
Nise demonstrava ser uma forte defensora da expressão da loucura como
uma fonte necessária para a vida humana.
“Não
se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um
pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a
nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito
ajuizadas.”
(Nise
da Silveira)
Nise da Silveira deixou para nós, amantes da psicologia e fascinados
pelos mistérios da Psique humana, um grande legado:
·
Implantou
a terapia ocupacional no universo psiquiátrico;
·
Utilizou
a arte para tratar problemas graves de saúde mental;
·
Revelou
as emoções dos esquizofrênico, através da humanização;
·
Suas
realizações despertaram o interesse de Carl Gustav Jung.
“A
configuração de mandala harmoniosa, dentro de um molde rigoroso, denotará
intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna.
Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta
para C. G. Jung, explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da
minha vida.” (Nise da Silveira)
No ano de 1957, Nise é convidada
por mestre Jung para estudar no Instituto Junguiano, em Zurique, na Suíça, onde
sua grande realização consistiu na exposição do acervo do Museu de Imagens do
Inconsciente no II Congresso Internacional de Psiquiatria. Na volta ao Brasil,
em 1958, ela criou o Grupo de Estudos C. G. Jung no Estado Rio de Janeiro.
Nise da Silveira carregava em seu interior uma forma muito intensa e
particular de olhar o ser humano. Tinha definitivamente a humanidade e a
empatia em suas atitudes e na sua forma subjetiva de tratar o outro.
Nise tratava cada um de seus clientes de maneira muito especial e
incondicional. Cada um era visto e encarado de forma única e muito particular.
Há
beleza na vida, há beleza em tudo. Vocês veem?... Há beleza na alegria, e mesmo
na saudade, na tristeza, no sofrimento e até na partida, há beleza. A vida é
uma beleza.” (Nise da Silveira).
Autor: Evandro Rodrigo Tropéia