sexta-feira, 14 de julho de 2023

SOBRE A NECESSIDADE DE COMUNICAÇÃO CONSTANTE

 



A comunicação é, sem dúvida, uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento humano, além de ser um elemento básico na jornada da vida e no processo de individuação.

Falar, ouvir, escrever, gesticular, expressar pensamentos e vivenciar emoções são aspectos irrepreensíveis que nos libertam e nos ajudam a lidar melhor com a dor nossa de cada dia.

De acordo com o psicólogo canadense Jordan B. Peterson (2021) as pessoas dependem de comunicação constante com os outros para manter a mente organizada.

Veja que interessante! A comunicação é um elemento de organização da mente humana. Precisamos nos comunicar. Comunicar é pensar, falar o que pensamos, expressando tudo o que vivemos e sentimos. Necessitamos conversar sobre o passado para compreendê-lo com um novo e outro olhar. É preciso compartilhar o presente para vivenciá-lo de maneira mais saudável, por fim também é necessário conversar sobre o futuro para que possamos ser nutridos pela virtude da esperança.

Tão necessário como falar é também escutar. Escutar é preciso. Saber ouvir é um dom, uma arte. Precisamos ouvir os outros e, além disso, aprender a ouvir a nós mesmos. Quando acolhemos quem realmente somos, nos tornamos livres e abertos à transformação e vivenciamos melhor o mundo à nossa volta.

Fale sobre seus sentimentos, se isso lhe fizer bem! Respeite suas emoções e ouça o grito da sua própria alma.

Se as pessoas soubessem e valorizassem o valor essencial contido na comunicação e o quanto isso é libertador, todos fariam terapia e cuidariam melhor da saúde mental.

Abra-se a comunicação!

Fale, escreva, pense, repense e se expresse!

 

Evandro Rodrigo Tropéia

Psicoterapeuta/ Analista Junguiano

 

 

 


LEITURA E SAÚDE MENTAL: UMA COMBINAÇÃO PERFEITA!

 



O Homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler (Mark Twain).

 

A maioria das pessoas já ouviu em algum lugar a expressão “quem lê, viaja”. De fato, a expressão é muito verdadeira.

A leitura nos permite viajar por lugares diversos e caminhos misteriosos que nos fazem alcançar a riqueza mais insondável que um ser humano pode ter: o Conhecimento.

O conhecimento gera o despertar da consciência. Conhecimento de si, do outro e do mundo que está à nossa volta.

Melanie Klein, um dos grandes nomes da psicanálise, já nos dizia que o conhecimento nos expulsa do paraíso. Mas o que significa ser “expulso do paraíso”?

Cuidado! Não estou propondo aqui uma análise dessa questão por um vértice religioso, baseado por um dogma de fé, mas sim por um lado pessoal baseado no exercício do pensamento e que faça sentido pra você.

Penso que o conhecimento nos expulsa do paraíso da ignorância, do egoísmo, do preconceito, da repressão da sombra (que é a nossa pretensão de achar que somos sempre bonzinhos e certos o tempo todo) e da falta de empatia.

O Paraíso retratado aqui nos remete ao comodismo das verdades e mentes fechadas construídas pelo próprio eu. Este “paraíso”, na verdade é o inferno das nossas arrogâncias, regadas por nossas certezas absolutas que nos levam à cegueira social, individual e até mesmo espiritual.

Ler faz bem, pois quem lê se liberta! A leitura e a saúde mental formam uma combinação perfeita, por isso ler também é uma terapia que nos proporciona abertura de horizontes amplos e riquíssimos.

Neste momento, você pode estar lendo este artigo, concordando ou discordando dele. Afinal, a sua opinião e visão de mundo não precisam ser iguais a minha. No entanto, mesmo havendo discordâncias, podemos trocar as experiências, idéias e vivências, e assim, podemos evoluir juntos.

Uma boa leitura nos proporciona esse crescimento, essa troca e essa diversidade que nos permite olhar para além de nós mesmos. A literatura nos revela que o Mundo tem sentido e que nada está perdido.

Ah, vida longa aos escritores! Sejam eles poetas, filósofos, romancistas, cientistas do ramo da medicina e da psicologia, teólogos, autores dos mais variados Best Sellers, comédia e até mesmo os blogueiros que nos divertem compartilhando o seu dia a dia. Enfim, vida longa a todos os que nos proporcionam a libertação da caverna escura através da luz conhecimento.

Leia um bom livro...

E faça uma boa e linda viagem!

 

 

Evandro Rodrigo Tropéia

Psicoterapeuta/ Analista Junguiano

quarta-feira, 12 de julho de 2023

O DILEMA DO ADOLESCENTE NO CAMINHO DA INDIVIDUAÇÃO

 



A adolescência é o período do desenvolvimento humano que se caracteriza pelo momento de transição entre a juventude e a fase adulta, onde sua maior turbulência ocorre pela perda da identidade infantil. É a dolorosa sensação do paraíso perdido.

O desequilíbrio emocional, a instabilidade e a tão famosa crise existencial fazem parte deste período doloroso, mas também transformador da vida humana.

O psicanalista Maurício Knobel (1981) aborda esta temática utilizando o termo “Síndrome da Adolescência Normal”, que consiste na entidade semipatológica que é perturbada e perturbadora para o mundo. Esta síndrome apesar de perturbadora é absolutamente necessária para o adolescente.

Knobel(1981) afirma que o adolescente deve enfrentar o mundo dos adultos e se desprender gradativamente de seu universo infantil.

A adolescência é um período de elaboração de lutos, ou seja, é o momento de lidar com perdas que se fazem necessárias durante a jornada de cada ser humano.

Segundo Arminda Aberastury (1981) o adolescente precisa desenvolver a capacidade de elaborar três lutos fundamentais:

1.      O luto pela transformação do corpo infantil;

2.      O luto pelo papel e identidade infantil;

3.      O luto pela perda dos pais da infância.

Trata-se de um momento da vida repleto de conflitos entre a aceitação de uma independência dentro de um limite considerável de dependência.

Aberastury (1981) nos diz que é um período de contradições, confuso, ambivalente e doloroso que é caracterizado por fricções com o meio familiar e social. Este período de inúmeras transformações implica a busca por uma nova identidade. O adolescente precisa de espaço. Este espaço deve ser vivenciado e respeitado.

A crise normal do adolescente é configurada por inúmeras transformações no aspecto da personalidade. Estas mudanças envolvem o corpo e a mente. A adolescência é um período de descobrimentos. A arte de se descobrir se torna uma luta muito dolorosa, pois os seus corpos e seus rostos sofrem mudanças e alterações diárias. Não é fácil lidar com a incessante e ansiosa busca pelo mistério da vida.

Assim como o corpo necessita de alimento para crescer e se sustentar, a Personalidade também necessita de experiências adequadas para individuar-se.

Conforme os estudos propostos por Hall e Norbdy (2014), o papel dos pais no caminho da individuação do adolescente é fundamental. O Processo de Individuação proposto por Carl Gustav Jung (2016) consiste no indivíduo que inicia a sua vida numa espécie de totalidade indiferenciada. Bem como uma semente que cresce e se transforma numa bela árvore, o ser humano se desenvolve para chegar à sua totalidade, ou seja, a personalidade Plena.

O calor da mãe e a presença da figura paterna são também fundamentais nos anos seguintes da vida de uma pessoa, principalmente na adolescência. Em muitas ocasiões, as maiorias das pessoas pensam que o adolescente já está “grande” demais e não necessita mais de colo e atenção. Grave engano! Necessita e muito! É justamente nesta etapa da vida que seu filho ou sua filha mais necessitam de apoio, carinho e dedicação. Negligenciá-lo nesse estágio, pode se configurar numa catástrofe total.

O fato da mulher trabalhar fora, assim como no caso do pai, não pode ser uma barreira no contexto educacional da criança ou do adolescente. O contato estabelecido entre pais e filhos, jamais deverá ser medido por um relógio e sim pelo seu valor interior. Faça com que o momento em que você estiver com seu filho seja um momento único e valoroso!

A maior dor que considero ser enfrentada no período da adolescência é a cobrança excessiva pela perfeição. Uma perfeição inexistente no contexto da vida humana. O adolescente vivencia a dor de uma imperfeição com muito mais intensidade. Este ritmo intenso de pensamentos, sentimentos e emoções podem conduzir o adolescente a um estado de suprema angústia.

É preciso cuidar dos nossos jovens através de um bom e caloroso acolhimento, no entanto, também é necessário permitir que os jovens tenham seu próprio espaço para que eles possam evoluir na dolorosa e magnífica tarefa de se tornar pessoa.

 

 

Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom

CRP: 06/143943

 

Referências Bibliográficas:

 

ABERASTURY, A. & KNOBEL, M. Adolescência Normal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.


JUNG, C. G. Memórias, Sonhos e Reflexões. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2016.

 

HALL C.S. e NORDBY V. J. Introdução à Psicologia Junguiana, São Paulo, Cultrix, 2014.

 

 


O DESPERTAR DA CRIANÇA INTERIOR

 



A criança é, portanto, um símbolo que une e reconcilia em si os opostos. No sentido analítico, a criança também é um símbolo do self e torna-se, graças a isso, um fator decisivo de ação no processo de auto-realização do ser humano.

(Léxico dos Conceitos Junguianos fundamentais. A partir dos originais de Carl Gustav Jung. Organizador: Helmut Hark. Pág. 25)

  

 


Reflexão:

 

O nosso interior é como um terreno fértil.

Por este motivo, ele é muito rico e produtivo. Dentro de nós a vida é plantada e semeada.

A criança interior, que vive em nosso eu, tem a função plantar, fazer brotar e florescer.

O Arquétipo Pueril é o que denominamos a eterna criança em seu mundo de sonhos, brincadeiras e fantasias. Este conceito se define como a imagem da criança divina e representa a renovação da vida, o fortalecimento da juventude em nossa psique

Em muitos momentos na vida é preciso resgatar a criança que reside em nós, para podermos encarar as realidades, por vezes dolorosas, que a jornada nos impõe e que carregamos em nosso eu interior.

 

Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom

CRP: 06/143949

 

 

 

ERRAR TAMBÉM É SAUDÁVEL!

 


Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é.

 

(Carl Gustav Jung)

 

REFLEXÃO:

 

Os erros são inevitáveis. Errar realmente é humano.

Todos nós somos passíveis de erros e, na imensa maioria das vezes, erramos na tentativa de acertar e seguir em frente.

Nem sempre alcançamos o sucesso, algumas vezes fracassamos e está tudo bem.

Faz parte da jornada da vida ganhar ou perder, acertar ou errar.

O que deve ficar marcado é o aprendizado.

O erro nos leva a correção e o fracasso nos ensina como, quando e onde nós devemos melhorar como seres humanos.

 

Evandro Rodrigo Tropéia 

CRP: 06/143949