IMPORTÂNCIA
DA FAMÍLIA NO CONTEXTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Conforme pesquisas realizadas em 2005, a problemática do consumo de
drogas no país vem crescendo. Sendo já conhecido que entre as drogas, o álcool
é a de maior uso entre os brasileiros. Segundo Duarte e Formigoni (2011, p.
52), os dados de um “levantamento apontaram que 12,3% das pessoas com idades
entre 12 e 65 anos eram dependentes do álcool”. Os estudos também demonstram o
consumo de drogas em faixas etárias cada vez mais precoces.
A cada ano que passa, pesquisas apontam o crescimento considerável da
demanda de crianças e adolescentes que se envolvem no universo das drogas, se
tornam dependentes químicos e buscam por auxílio, acompanhamento e intervenção
psicológica.
A mais nova problemática da Dependência Química na infância e na adolescência causa um impacto
espantoso nas relações sociais e familiares do usuário, ocasionando conflitos
dolorosos em um ambiente familiar, portanto para que haja uma possível
recuperação, a família é parte fundamental. Podemos afirmar que a família é o
fator motivador mais importante para que um dependente químico possa buscar sua
recuperação, mesmo quando se quer desistir, ela é um ponto de equilíbrio e
sustentação, é uma partida para um convívio social saudável.
Segundo as análises dos dados, o apoio da família é fundamental para o
processo de recuperação. A busca solitária pela recuperação segundo a
bibliografia analisada pode recorrer em muitas recaídas, fracassos e por fim a
desistência da recuperação.
Através de todo conteúdo proposto em sala de aula, podemos afirmar que,
no contexto da Dependência Química, a família acaba se envolvendo nesse
processo a princípio prazeroso e posteriormente doloroso na vida de um
dependente. Esse envolvimento poderá ocorrer através de vários pontos, porém
neste trabalho destacaremos dois vértices fundamentais que retratam esse
envolvimento familiar.
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Primeiro Vértice |
O primeiro vértice é a negligência do ambiente familiar perante o
indivíduo, tornando-se um fator motivador para que a criança ou adolescente
busque em ambientes externos algo que possa suprir esse vazio causado pelo
descaso em seu ambiente que deveria ter sido acolhedor.
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Segundo Vértice |
No segundo vértice,
temos a curiosidade, o que ocorre também com muita freqüência na vida da
criança e do adolescente, através da busca por algo novo, que saia da rotina,
que seja prazeroso.
CRIANÇAS
E ADOLESCENTES COM FAMILIARES COM TOXICODEPENDÊNCIA
Segundo Wagner, quando
os pais são modelos de toxicodependência e assume uma vida sobre a base de uma
visão insensata e incorreta de sua própria consciência, seus filhos já nasce
com uma pré-disposição para o uso de toxicodependência, seus filhos sofrem este
impacto e aumenta a probabilidade de transferência, através das suas atitudes e
preceitos dos pais, tendo uma grande probabilidade de seus filhos apresentarem
o mesmo problema dos pais.
Com as recaídas dos
pais ou familiares próximos à criança, geram momentos de instabilidade na vida
familiar, prejudicando o crescimento dos filhos. Uma das manifestações do
impacto da toxicodependência dos pais que afetam as crianças, estes tem a
relação com as alterações do comportamento dos mesmos. Verifica-se uma maior
manifestação nas crianças para um comportamento de internalização, que estão
relacionados com manifestações de isolamento, ansiedade e depressão; e
comportamento de externalização, que são comportamento de oposição e
incumprimento de regras, assim como de comportamento agressivo. Também
apresentam dificuldades ao nível do desempenho cognitivo, podendo estar
associadas às perturbações de comportamento, e podem ser identificados alguns
distúrbios comportamentais, juntamente com sintomas de ansiedade e depressão,
assim podendo leva-los a uma dificuldade de aprendizagem, alterações de
comportamento, de humor ou queixas psicossomáticas.
Nos filhos adolescentes
ocorre uma maior probabilidade para o consumo de diversas substâncias toxicodependentes,
pelo fato de os mesmos estarem ligados a uma instabilidade familiar. Assim as
manifestações e alterações dos comportamentos, entre os adolescentes, filhos de
toxicodependentes, mostram que o sexo masculino apresenta uma tendência maior
para o comportamento agressivo, impulsividade e atitude anti-social, enquanto
para o sexo feminino, apresenta uma menos propensão para os mesmos
comportamentos.
Os pais e outros
membros da família ou figuras presente do convívio das crianças, estas são
essenciais na midiatização que as mesmas faz dos estímulos, das condutas, de
seus objetivos de vida e dos seus valores, ou seja, a criança aprende por
imitação ou por interiorizar as atitudes, valores e formas culturais de afeto e
pensamento que observa nos adultos que estão a sua volta. Por isso é muito
importante que as experiências que as crianças tenham no meio familiar sejam
positivas para poder assim ajuda-los na compreensão da linguagem, pensamento e
na cognição, favorecendo o desenvolvimento da sua autorregulação e nos níveis
cognitivo, emocional e social.
FATORES
DE RISCO E PROBLEMAS CAUSADOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Os fatores de riscos
propícios para o uso de drogas, sendo estes: fator psicológico, onde apresenta
traço de personalidade ansiosa, baixo autoconceito emocional, familiar e outros
transtornos; fator biopsicossocial, através da companhia de pessoa que utiliza
algum tipo de droga, que apresenta baixo rendimento escolar, atitude permissiva
diante de situações de riscos entre outros. Também estes fatores podem estar
relacionados com o indivíduo, pela sua idade, pelo estado geral do organismo, a
escassa tolerância à frustração, a baixa autoestima, a não aceitação de normas,
a elevada necessidade de aprovação social e falta de autonomia na ação e em
situações críticas vitais; e o relacionamento com o contexto que está inserido,
este pode estar relacionado o núcleo familiar, escolar e os relacionados com o
grupo de pares.
Estes
fatores podem trazer problema para a vida da criança como; atitudes favoráveis
ao desvio do uso de substâncias; brigas na família; estilo permissivo ou
autoritário; relações afetivas arruinadas; conflito familiar; relação
com grupos que fazem o consumo de substâncias; fracasso e abandono escolar;
dificuldades escolares; faltas, boletins abaixo da média e atitudes agressivas.
FATORES
DE PROTEÇÃO QUE PODEM SER UTILIZADAS
Os fatores de proteção,
estas são modificações que contribuem para modular, prevenir ou limitar o uso
de qualquer substância psicoativa, moderando os efeitos da exposição aos
riscos, e que podem estar presentes nas pessoas ou no ambiente. E podem ser identificados nas seguintes
áreas; familiar, com atitudes de apego afetivo, normas claras, estabilidade e a
coesão e uma família estruturada; na área social, com participação em
atividades religiosas, o apoio social, os modelos não consumistas, as
atividades grupais positivas e o escasso dos grupos de consumo de drogas; área
escolar, uma relação de afeto e apego à escola e aos professores e a
comunicação pais-escola.
Os pais tem um papel
importante na criação de seus filhos, pois eles serão o modelo a ser seguidos,
e devem seguir algumas atitudes básicas, onde devem passar um sentimento de
segurança, devem aparentar calmas e ser tolerantes, deve ser firmes e
consistentes, de forma a evitar, na criança, a confusão e o aparecimento de
atitudes contraditórias, não forçar a mesma para além das suas capacidades e
limites, deve mostrar apreciação e interesse em relação às coisas que os seus
filhos desejam fazer, mesmo que pelos padrões deles, elas não sejam
interessantes e mesmo que as crianças tenham dificuldades ou problemas, elas
deverão sempre ser tratadas, de forma saudáveis.
Evandro Rodrigo Tropéia
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
DUARTE, Paulina do
Carmo Arruda Vieira; FORMIGONI, Maria Lúcia Oliveira de Souza. Fé na
prevenção: prevenção ao uso de drogas em instituições religiosas e movimentos
afins. Brasília: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2011.
MARTINS, T; MUCHATA, T.
Impacto da toxicodependência na parentalidade e saúde mental dos filhos - Uma
revisão bibliográfica.
Wagner. Pais dependentes filhos dependentes. Meu
Artigo. Drogas.
Factores de risco e de
protecção das toxicodependências em crianças e jovens adolescentes: contributos
para a sua compreensão. Publicado em:
www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MUD/article/viewFile/1934/1943