O
presente artigo diz respeito a um tema de extrema complexidade que se refere ao
seguimento da vida humana pós-internação em hospital psiquiátrico. Este é um
processo doloroso que exige um intenso grau de cautela e uma atenção redobrada.
A
pesquisa retrata a importância do carinho, do acolhimento e do percorrer do
tratamento que todo ser humano tem direito a dar prosseguimento.
O apoio e o acolhimento no Ambiente familiar é de fundamental importância neste doloroso processo de readaptação. Esta etapa do tratamento no remete a uma representação simbólica de um renascimento.
Uma
das instituições mais importantes e mais eficazes para a realização de tal
trabalho acolhedor é o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
Os
Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades de atendimento intensivo e
diário aos portadores de sofrimento psíquico grave, constituindo uma
alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico e permitem que os
usuários permaneçam junto às suas famílias e comunidades.
O
Caps tem como principal objetivo a integralidade no tratamento de pessoas que
sofrem com transtornos mentais – psicoses, neuroses graves e demais quadros-
cuja severidade e persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de
cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida.
BARREIRAS DA VIDA
PÓS-INTERNAÇÃO
Um
dos grandes enfrentamentos que pacientes com transtornos psicopatológicos devem
superar após o doloroso período de internação, é o rótulo; que são selos
impostos por uma sociedade extremamente rígida no questionamento de contextos
considerados padronizados ou não padronizados, onde estes podem prejudicar a
inserção na sociedade novamente (ABNET, 2012).
Estamos
expostos a uma sociedade extremamente julgadora. Com relação aos pacientes que
carregam em seu histórico de vida, a penosa mancha de uma internação
psiquiátrica, esta imposição se desenvolve de maneira ainda mais cruel e
severa.
Segundo
Olinda (2013), estamos vivendo um período de nomeação de novas fobias que
relatam o preconceito imposto pela civilização. Uma das fobias que se
transforma em crime, assim conhecida como Psicofobia.
A Psicofobia nos remete
ao preconceito contra as pessoas consideradas não padronizadas, tais como os
seres humanos que carregam transtornos ou deficiências mentais.
Sigmund Freud (1856-1939), em uma de suas
grandiosas obras, “O mal-estar na Civilização”, retrata muito bem esta
imposição da civilização sobre a raça humana:
“A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.”
(FREUD, 1930).
Uma
das funções importantes do acompanhamento que deve ser feito ao paciente
pós-internação é a reintegração do ser humano à sociedade. O CAPS é mais do que
simplesmente um refúgio para que o sujeito fuja do mundo externo. Esta
instituição passa a ser a ponte entre a internação e inserção a sociedade.
São
disponíveis cinco tipos de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), de acordo com
os tipos de demanda dos usuários atendidos, assim se diferenciando como CAPS I,
atende entre 20 mil e 50 mil habitantes, pacientes
adultos protadores de transtornos mentais graves e transtornos decorrentes do
uso de álcool e outras drogas;
CAPS
II, atende municípios com mais de 50.000 habitantes,
seu público alvo são adultos com transtornos mentais persistentes e o mesmo
podendo oferecer um terceiro período, funcionando até às 21 horas; o CAPS
III, atende municípios com população acima de 200 mil habitantes, estas unidades pode ter funcionamento por 24 horas, inclusive feriados e fins de semana, trabalhando com
uma equipe multidisciplinar, atendendo pacientes que precisam de atenção
integral e que buscam o serviço do CAPS; já o CAPSI, possui um
atendimento diferenciado, tendo serviço especializado e voltado para crianças e
adolescentes que possui algum transtorno mental em municípios com população acima de 200.000 habitantes e CAPSad,
possui atendimento a pessoas que se utilizam do álcool e outras drogas de maneira prejudicial, para
cidades com mais de 200.000 habitantes (PORTAL-EDUCAÇÃO, 2013).
Segundo o Ministério da Saúde,
no país há 2.209 CAPS, onde o atendimento é próximo à família. Nesses locais
também há possibilidade de internação, de curta duração, em caso de orientação
médica. Já no Brasil, são 32.290 leitos psiquiátricos, em hospitais
especializados (178) e gerais (ABRATA, 2015).
Os CAPS é um serviço aberto e
comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), são instituições
destinadas em acolher pacientes com transtornos mentais, designados a estimular
sua integração social, cultural e familiar, apoiando suas buscas pela autonomia,
oferecendo atendimento por equipe interdisciplinar e é um serviço criado para
ser substitutivo e para diminuir internações em hospitais psiquiátricos
(CREMESP, 2010).
CONCLUSÃO
Em
virtude dos fatos mencionados concluímos este trabalho com perspectiva
positiva, apesar do muito que ainda precisa ser feito, de que a internação em
hospitais psiquiátricos é uma medida que vem se desenvolvendo consideravelmente
no decorrer dos anos.
É
imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos possam se
conscientizar sobre a importância de um acolhimento saudável com amor, carinho
e respeito com o ser humano em si, que vá além do tratamento psiquiátrico, afim
de que se possa atingir objetivos e metas cada vez maiores para o crescimento
desse processo humanizado no Brasil e no Mundo.
Este
trabalho realizado em caráter de observação será concluído com uma celebre
frase que define de uma forma muito poética, porém objetiva os fatores que
contribuem e envolvem o processo do tratamento e do acolhimento humano que deve
ser realizado com todos os pacientes que carregam em si um desequilíbrio
psíquico regado com uma forte carga emocional originada de muitos conflitos
internos e externos, conscientes e inconscientes:
“Conheça
todas as técnicas, domine todas as teorias, mas ao tocar uma alma humana seja
apenas outra alma humana”.
(Carl G. Jung)
AUTORES:
Alexandra Cristina de Paula
Amaliani Raquel Oliveira dos Santos
Evandro Rodrigo Tropéia
REFERENCIA
BIBLIOGRÁFICA
ABNET,
Eduardo. Os Rótulos de diagnostico em
pacientes da psiquiatria. 2012. Retirado do site: http://medico-psiquiatra.com/artigos/rotulos-diagnosticos-em-pacientes-da-psiquiatria.html
e acessado 05/07/2015.
ABRATA,
Equipe. Psiquiatras falam sobre crise na
internação psiquiátrica para o jornal O Globo. 2015. Retirado do site: http://abrata.org.br/blogabrata/?p=1877
e acessado 05/07/2015.
CREMESP. Avaliação
dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado de São Paulo. 2010.
OLINDA,
Caroline. Psicofobia está prestes a ser
um crime. 2013. Retirado do site: http://www.gazetadopovo.com.br/saude/psicofobia-esta-prestes-a-ser-um-crime-4la8ql2a26qg1otwdyl273g3y
e acessado 05/07/2015.
PORTAL-EDUCAÇÃO.
Tipos de Atendimento em CAPS. 2013.
Retirado do site: http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/42432/tipos-de-atendimento-em-caps
e acessado 05/07/2015.
http://www.freudonline.com.br/livros/volume-21/vol-xxi-2-o-mal-estar-na-civilizacao-1930-1929/
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