sexta-feira, 29 de julho de 2016

UM DIA DEPOIS DE AMANHÃ - VIDA HUMANA PÓS-INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA



O presente artigo diz respeito a um tema de extrema complexidade que se refere ao seguimento da vida humana pós-internação em hospital psiquiátrico. Este é um processo doloroso que exige um intenso grau de cautela e uma atenção redobrada.
A pesquisa retrata a importância do carinho, do acolhimento e do percorrer do tratamento que todo ser humano tem direito a dar prosseguimento.
O apoio e o acolhimento no Ambiente familiar é de fundamental importância neste doloroso processo de readaptação. Esta etapa do tratamento no remete a uma representação simbólica de um renascimento.


Uma das instituições mais importantes e mais eficazes para a realização de tal trabalho acolhedor é o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades de atendimento intensivo e diário aos portadores de sofrimento psíquico grave, constituindo uma alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico e permitem que os usuários permaneçam junto às suas famílias e comunidades.
O Caps tem como principal objetivo a integralidade no tratamento de pessoas que sofrem com transtornos mentais – psicoses, neuroses graves e demais quadros- cuja severidade e persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida.


BARREIRAS DA VIDA PÓS-INTERNAÇÃO

Um dos grandes enfrentamentos que pacientes com transtornos psicopatológicos devem superar após o doloroso período de internação, é o rótulo; que são selos impostos por uma sociedade extremamente rígida no questionamento de contextos considerados padronizados ou não padronizados, onde estes podem prejudicar a inserção na sociedade novamente (ABNET, 2012).


Estamos expostos a uma sociedade extremamente julgadora. Com relação aos pacientes que carregam em seu histórico de vida, a penosa mancha de uma internação psiquiátrica, esta imposição se desenvolve de maneira ainda mais cruel e severa.
Segundo Olinda (2013), estamos vivendo um período de nomeação de novas fobias que relatam o preconceito imposto pela civilização. Uma das fobias que se transforma em crime, assim conhecida como Psicofobia.

 A Psicofobia nos remete ao preconceito contra as pessoas consideradas não padronizadas, tais como os seres humanos que carregam transtornos ou deficiências mentais.
 Sigmund Freud (1856-1939), em uma de suas grandiosas obras, “O mal-estar na Civilização”, retrata muito bem esta imposição da civilização sobre a raça humana:





“A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.”

(FREUD, 1930).







Uma das funções importantes do acompanhamento que deve ser feito ao paciente pós-internação é a reintegração do ser humano à sociedade. O CAPS é mais do que simplesmente um refúgio para que o sujeito fuja do mundo externo. Esta instituição passa a ser a ponte entre a internação e inserção a sociedade.


São disponíveis cinco tipos de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), de acordo com os tipos de demanda dos usuários atendidos, assim se diferenciando como CAPS I, atende entre 20 mil e 50 mil habitantes, pacientes adultos protadores de transtornos mentais graves e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas; CAPS II, atende municípios com mais de 50.000 habitantes, seu público alvo são adultos com transtornos mentais persistentes e o mesmo podendo oferecer um terceiro período, funcionando até às 21 horas; o CAPS III, atende municípios com população acima de 200 mil habitantes, estas unidades pode ter funcionamento por 24 horas, inclusive feriados e fins de semana, trabalhando com uma equipe multidisciplinar, atendendo pacientes que precisam de atenção integral e que buscam o serviço do CAPS; já o CAPSI, possui um atendimento diferenciado, tendo serviço especializado e voltado para crianças e adolescentes que possui algum transtorno mental em municípios com população acima de 200.000 habitantes e CAPSad, possui atendimento a pessoas que se utilizam do álcool  e outras drogas de maneira prejudicial, para cidades com mais de 200.000 habitantes (PORTAL-EDUCAÇÃO, 2013).
Segundo o Ministério da Saúde, no país há 2.209 CAPS, onde o atendimento é próximo à família. Nesses locais também há possibilidade de internação, de curta duração, em caso de orientação médica. Já no Brasil, são 32.290 leitos psiquiátricos, em hospitais especializados (178) e gerais (ABRATA, 2015).
Os CAPS é um serviço aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), são instituições destinadas em acolher pacientes com transtornos mentais, designados a estimular sua integração social, cultural e familiar, apoiando suas buscas pela autonomia, oferecendo atendimento por equipe interdisciplinar e é um serviço criado para ser substitutivo e para diminuir internações em hospitais psiquiátricos (CREMESP, 2010).




 CONCLUSÃO

Em virtude dos fatos mencionados concluímos este trabalho com perspectiva positiva, apesar do muito que ainda precisa ser feito, de que a internação em hospitais psiquiátricos é uma medida que vem se desenvolvendo consideravelmente no decorrer dos anos.
É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos possam se conscientizar sobre a importância de um acolhimento saudável com amor, carinho e respeito com o ser humano em si, que vá além do tratamento psiquiátrico, afim de que se possa atingir objetivos e metas cada vez maiores para o crescimento desse processo humanizado no Brasil e no Mundo.
Este trabalho realizado em caráter de observação será concluído com uma celebre frase que define de uma forma muito poética, porém objetiva os fatores que contribuem e envolvem o processo do tratamento e do acolhimento humano que deve ser realizado com todos os pacientes que carregam em si um desequilíbrio psíquico regado com uma forte carga emocional originada de muitos conflitos internos e externos, conscientes e inconscientes:


“Conheça todas as técnicas, domine todas as teorias, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”. 

(Carl G. Jung)


 AUTORES:

Alexandra Cristina de Paula
Amaliani Raquel Oliveira dos Santos
Evandro Rodrigo Tropéia


REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

ABNET, Eduardo. Os Rótulos de diagnostico em pacientes da psiquiatria. 2012. Retirado do site: http://medico-psiquiatra.com/artigos/rotulos-diagnosticos-em-pacientes-da-psiquiatria.html e acessado 05/07/2015.

ABRATA, Equipe. Psiquiatras falam sobre crise na internação psiquiátrica para o jornal O Globo. 2015. Retirado do site: http://abrata.org.br/blogabrata/?p=1877 e acessado 05/07/2015.

CREMESP. Avaliação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado de São Paulo. 2010.

OLINDA, Caroline. Psicofobia está prestes a ser um crime. 2013. Retirado do site: http://www.gazetadopovo.com.br/saude/psicofobia-esta-prestes-a-ser-um-crime-4la8ql2a26qg1otwdyl273g3y e acessado 05/07/2015.

PORTAL-EDUCAÇÃO. Tipos de Atendimento em CAPS. 2013. Retirado do site: http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/42432/tipos-de-atendimento-em-caps e acessado 05/07/2015.


http://www.freudonline.com.br/livros/volume-21/vol-xxi-2-o-mal-estar-na-civilizacao-1930-1929/





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