segunda-feira, 14 de março de 2016

O PAPEL DOS PAIS NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO


Assim como o corpo necessita de alimento para crescer e se sustentar, a Personalidade também necessita de experiências adequadas para individuar-se.

Carl Gustav Jung

O Processo de Individuação proposto por Carl Gustav Jung (1875-1961) consiste no indivíduo que inicia a sua vida numa espécie de totalidade indiferenciada. Bem como uma semente que cresce e se transforma numa bela árvore, o ser humano se desenvolve para chegar à sua totalidade, ou seja, a personalidade Plena.




O sujeito começa como uma simples estrutura e vai se transformando numa estrutura complexa, assim como uma larva se desenvolve e se transforma numa Borboleta.
Segundo Jung, a Psicoterapia é um Processo de Individuação.




Neste artigo, desejo compartilhar com os caros leitores o importante papel dos pais no processo de Desenvolvimento da criança e no caminho da Individuação da mesma.
Primeiramente, podemos afirmar que nos primeiros anos de vida a criança não possui uma identidade própria. Tal fato nos remete a concluir que a psique da criança é o reflexo dos pais, principalmente da mãe.
A mãe é o primeiro elo do ser humano com o mundo.


O Nascimento em si, gera no bebê sua primeira experiência extremamente assustadora, onde a criança sai de um mundo totalmente acolhedor e caloroso do ventre da mãe e migra para um mundo completamente caótico e inseguro.
O colo acolhedor da mãe é para o bebê um conforto, um abrigo seguro e um espelho no qual ele é refletido e percebe então a sua própria existência.
 
D.W. Winnicott

"O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe: A sua expressão, o seu olhar, a sua voz.[...] 
É como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo!"
(D. W. Winnicott)






Uma criança quando não é desejada e passa a ser rejeitada, não conhece o amor e a cooperação no seio familiar. Não sentem confiança em suas habilidades e não se sentem dignas de receber amor e afeto dos outros, pois não tiveram as condições mínimas necessárias para isso. 
Quando adultos podem se tornar frios, duros ou extremamente carentes e dependentes da aprovação e do reconhecimento das outras pessoas.


A Psique infantil a priori, está sujeita a refletir todos os distúrbios psicológicos dos pais. Como conseqüência, a psicoterapia dos filhos consiste em realizar a análise dos pais.
Quando a criança inicia a sua vida escolar, sua identificação com os pais vai diminuindo, passando a desenvolver aos poucos sua própria individualidade.
Não se pode deixar de mencionar o perigo existente no fato de que muitos pais continuam a exercem extremo domínio sobre o filho com excesso de super proteção, tomando decisões por ele e assim, impedindo que a criança tenha uma ampliação de suas experiências. Caso isso ocorra, a individuação dessa personalidade também ficará altamente prejudicada.


O mesmo perigo poderá ocorrer quando um dos pais, ou ambos tentarem impor para a criança a sua própria constituição psicológica, ou se um dos dois procurar compensar as suas fraquezas psíquicas, encorajando o filho a desenvolver na sua personalidade individual aquilo que na verdade é desejo dos pais.

Por exemplo: Pais introvertidos querem que os filhos sejam como eles, ou também pais introvertidos que desejam que seus filhos sejam o oposto. Em qualquer um dos casos, a criança ficará prejudicada e sofrerá desequilíbrio.

Anima e Animus
A função Materna é diferenciada com relação à função Paterna. A relação do menino com a mãe indicará de que maneira a sua Anima (parte feminina na psique masculina) vai se desenvolver, enquanto que a relação com pai determinará o desenvolvimento da Sombra. Com uma menina acontece o oposto. A relação da menina com o pai indicará de que maneira seu Animus (parte masculina na psique feminina) vai se desenvolver, enquanto que a relação com a mãe determinará o desenvolvimento da Sombra.

No entanto, tanto o pai como a mãe contribuem consideravelmente para a formação da Persona da criança.






(Evandro Rodrigo Tropéia)

Referências Bibliográficas:
 HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.



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