A psicanálise de Sigmund Freud e a Psicologia
Analítica de Carl Gustav Jung nos ensinam que para um vínculo ser estabelecido com o outro
de maneira saudável, dependerá da maneira como se é capaz de relacionar-se
consigo mesmo.
A ideia proposta no trabalho
presente sobre o estabelecimento de vínculos é o que chamaremos aqui de
“Alianças e Alienações”.
A Aliança encontra-se na
dimensão do acordo firmado entre duas ou mais partes. Este vínculo tem como
objetivo primordial e realização de fins que coincidem para o bem comum.
A priori, a aliança acontece
pela identificação que ocorre de ambas as partes envolvidas na construção do
vínculo. Existe algo no outro que parece coincidir com algo que falta no
sujeito. Esse fato ocorre de forma inconsciente, por conta da dificuldade que
temos em enxergar com clareza aquilo que nos falta.
O processo de construção e desenvolvimento de uma verdadeira aliança de
vê ocorrer de forma lenta e regada por muita dedicação.
Por outro lado, a partir de uma fragilidade emocional, o sujeito se
percebe submergido numa aliança perversa, a qual denominamos “Alienação”.
Na Alienação espiritual , o
sujeito se vê impedido de ser ele mesmo pelo fato de nem ao menos suspeitar de
quem ele realmente é.
O indivíduo torna-se incapaz
de estabelecer uma confiança a si mesmo, e assim projeta toda sua energia
psíquica no outro, o objeto amado. O ego desenvolve uma extrema carência de si
mesmo e se coloca em posição de negação.
A verdadeira aliança espiritual
é nutrida pela capacidade de se conhecer as partes envolvidas na construção do
vínculo.
A Aliança será saudável
quando for mantida pelo carinho, dedicação e compreensão de ambas as pessoas,
desenvolvendo então, um vínculo afetivo emocional baseado em uma relação de
confiança.
A vida humana é uma
travessia constante. Vivemos em êxodos contínuos, em processos de deslocamento
quase que intermináveis que são conscientes e inconscientes. Enquanto estivermos
em vida seremos convidados a estar em movimento o tempo todo e isso nos
proporciona a superação de estágios, condições e até mesmo no campo das
atitudes.
No entanto, a questão
proposta aqui é que essa travessia não é banhada por imenso mar de rosas de
ouro e cristais brilhantes, mas quero desenvolver juntamente com os caros
leitores a expansão do pensamento de que esse caminho a ser percorrido é um
processo doloroso e extremamente complexo.
Nascemos como seres
individuais, mas a condição de ser pessoa na sua totalidade é um lugar a ser
alcançado. Precisamos, através de nosso processo de desenvolvimento psíquico
pessoal, chegar aos dois pilares fundamentais que proponho no presente
trabalho:
Ser pessoa no conceito da
totalidade no contexto de Mundo Interno e Mundo Externo consiste em “dispor de
si” e “dispor-se ao outro”.
O que defino aqui por
Sequestro do eu é um acontecimento que fere diretamente o primeiro aspecto do
processo que é a disposição para si mesmo.
Na vida humana, estamos
constantemente descobrindo a nossa totalidade. Para tal afirmação vamos nos
atentar aqui a uma comparação muito interessante que irá contribuir
consideravelmente para a expansão da nossa proposta de pensamento:
O mosaico é composto por partes; essas partes se unem em um conjunto e compõem uma única peça. São inúmeros e pequenos significados que juntos formam a totalidade do mosaico.
A pequena peça é fundamental
para a construção do todo, e por isso não pode ser separada ou simplesmente
descartada. Nós seres humanos, somos desenvolvidos a partir dessa mesma ideia.
Quando o sujeito é
sequestrado do seu próprio eu, o primeiro rompimento que se dá é com a
materialidade de seus significados. Tudo perde o sentido, nada tem valor com a
ausência de seu objeto amado.
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