terça-feira, 23 de julho de 2024

A FORMAÇÃO DO COMPLEXO MATERNO E A CRIAÇÃO DA MÃE-INTERIOR

 


A relação mãe-bebê sempre foi um tema de extrema relevância no Universo da psicologia. Claro que na psicologia Analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961).

Todo bebê é único. Toda mãe é única. Por este motivo, todo bebê precisa transplantar sua relação individual com a mãe, inserindo-a no arquétipo coletivo da mãe. Por exemplo, o bebê ao nascer já sabe como sugar. Podemos observar que o bebê sabe como chorar e como sorrir.



Se o bebê chora e percebe que a mãe aparece imediatamente para saber o que está acontecendo, ele crescerá com uma adaptação diferente à vida alcançada pelo bebê cuja mãe ignora o seu choro.

Ao longo de nossa existência, cada um de nós acumula grande número de recordações relativas à sua própria figura materna. Estas recordações vão se agrupando e vão formando o que denominamos Complexo Materno.

O termo Complexo nos remete a todo conteúdo que foi assimilado pela nossa psique através das nossas experiências. .

É muito importante ressaltar que o Complexo na visão Junguiana não pode ser caracterizado apenas como algo negativo. Um complexo pode ser considerado positivo e também enriquecedor na formação de nossa personalidade.

Quando temos que lidar com algumas situações, necessitamos recorrer ao Complexo materno. Nesta movimentação, o inconsciente como processo criativo da psique cria em nós o que chamamos de mãe-interior.

Conforme os estudos propostos por Robert Robertson (2021), se a relação do sujeito com a mãe tiver ocorrido de maneira saudável, será capaz de obter o conforto e a tranqüilidade necessária que provém da mãe-interior. No entanto, se a relação com a mãe não tiver ocorrido de maneira sadia, o mais provável é que o sujeito tenha dificuldade de confiar em alguém, pois receberá toda situação de acolhimento pela perspectiva de suas vivências pessoais problemáticas.

A figura materna suficientemente boa carrega em si a capacidade de nutrir o ego, criando assim a capacidade de tolerância e desenvolvimento da personalidade. Quando ocorre a falha no cumprimento deste papel, a figura materna toma uma posição destruidora da psique.

O Complexo Materno bem vivenciado e elaborado é nutridor e libertador.


Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom

CRP: 06/143949

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Léxico dos Conceitos Junguianos a partir dos originais de Carl Gustav Jung. Organizado por Helmut Hark (2000)

 

Robert, Robin. Guia Prático de Psicologia Junguiana. Um Curso básico sobre os fundamentos básicos da Psicologia Profunda. Ed. Cultrix. 2021.

 

 


Quem nada espera nunca desespera


Esperar demais pelo reconhecimento ou aprovação do outro enfraquece o eu, desgasta a alma e gera angústia.
Sem dúvidas, o outro é muito necessário para nutrir o eu, porém a dependência emocional é uma escravidão extremamente dolorosa.
Quando expresso "quem nada espera nunca desespera", não estou tratando aqui de uma esperança como virtude teologal, mas sim do ato de esperar do outro aquilo que, na maioria das vezes, deve partir do meu próprio eu.

(Evandro Rodrigo Tropéia - Psicoterapeuta)


 

segunda-feira, 22 de julho de 2024

A EXPERIÊNCIA TRAUMÁTICA NA VIDA HUMANA

 


Todo ser humano carrega em si experiências que lhe causaram desconforto, desprazer, frustração e angústias que originaram na mente traumas psicológicos.

Trauma é um termo muito utilizado na medicina que vem do grego τραύμα, significando ferida.

Trata-se de uma lesão, produzida por ação violenta. Em termos psicológicos, esta ação violenta é caracterizada por eventos dolorosos que ocasionam feridas na mente humana.

Os traumas são, na verdade, rupturas emocionais causadas por vivências afetivas que geraram medo, insegurança e frustração.



A Psicologia Analítica proposta por Carl Gustav Jung (1875-1961) nos aponta que as vivências afetivas produzem defesas arquetípicas do espírito pessoal em resposta a essas rupturas angustiantes.

Por este motivo, existe um universo interior que envolve todas as experiências traumáticas da vida humana. Isto significa que todo trauma é subjetivo e envolve a individualidade de cada ser humano em relação aos acontecimentos da vida. Traumas são consequências da vivência particular da alma humana. Portanto, não há receitas prontas e generalizadas para combater um determinado tipo de trauma.


Evandro Rodrigo Tropéia 

Psicoterapeuta

CRP: 06/143949

 

A TORRE DE JUNG

 





“Neste espaço fechado vivo só comigo mesmo. Guardo a chave e ninguém pode entrar lá sem a minha permissão. [...] É um recanto da reflexão e da imaginação; as fantasias são muitas vezes desagradáveis e os pensamentos árduos: é um lugar de concentração espiritual.”

 ( C.G. Jung. Memórias, Sonhos e Reflexões. Ed. Nova Fronteira. Ano 2016. Página 272)

 

Vamos refletir:

A quem eu estou dando acesso e permissão para transitar na minha jornada e muitas vezes tem sido pedra de tropeço e desorganização em meu espaço?

Quem eu estou permitindo que entre em minha vida para fazer a maior bagunça e depois deixar tudo para que eu mesmo arrume?

Eu possuo a chave do meu coração.

Eu tenho o poder de permitir ou não que entrem em meu espaço interior.

O espaço é meu. Unicamente meu!

Só entra em minha vida e permanece quem eu permitir.

 

Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom

CRP: 06/143949

 

 

REFLEXÃO SOBRE A COMPENSAÇÃO

 


 

Compensação significa o ato de equilibrar ou a substituição (...) É de grande importância nessa concepção a existência, empiricamente inegável, de uma função de compensação no âmbito dos processos psicológicos.

(Carl Gustav Jung. GW 6, §839)

 

REFLEXÃO

A compensação consiste no processo psíquico de contínuo equilíbrio entre a consciência e o inconsciente. Este equilíbrio é fundamental para manter a saúde e a harmonia pessoal.

A teoria da compensação, no início foi proposta pela psicologia individual de Alfred Adler, sendo aperfeiçoada por Jung como peça fundamental no processo de adaptação do ser humano.

Carl Gustav Jung entende a compensação como equilíbrio funcional, como autorregulação do aparelho psíquico. Na maioria das vezes, a compensação ocorre de forma autônoma e por caminhos inconscientes.

O inconsciente se comporta de maneira compensativa em relação à consciência.

Por meio da compensação da alma e dos sonhos, esses dois mundos acabam atingindo alto grau de ligação.

A teoria da compensação aplicada em nossa vida cotidiana nos remete à busca constante pela harmonia da psique.

Jung nos aponta que teoria das compensações é a regra básica do comportamento psíquico em geral. O que falta de um lado, cria um excesso do outro. Da mesma forma, a relação entre o consciente e o inconsciente também é compensatória. 

 

Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom

CRP: 06/143949