segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O LADO SOMBRIO DE NOSSA PSIQUE





O Arquétipo Sombra consiste no lado obscuro da Psique, onde estão contidos nossos instintos primitivos. É a origem de tudo aquilo que há de melhor e pior na raça humana. Para que o sujeito seja inserido na comunidade, é necessário que ele passe pelo processo de domesticação com relação aos ímpetos contidos na sombra.
Quando a pessoa consegue suprimir o aspecto animal de seu estado natural, ela pode se tornar “civilizada”, mas esta repressão só pode ser executada através das capacidades motivadoras da espontaneidade, da criatividade, das emoções e das intuições.
Podemos afirmar que uma vida privada de sua sombra se transforma numa vida sem brilho. Não há como fugir de sua sombra.
A Sombra é um Arquétipo de muito valor, pois ela detém a capacidade de reter e afirmar idéias ou imagens que trazem vantagens para a vida do indivíduo.
Segundo Carl Gustav Jung, (1875-1961),  tudo aquilo que o nosso ego não tem a capacidade de suportar e não consegue se adaptar está contido na Sombra. No entanto, os conteúdos reprimidos ou não reconhecidos pelo nosso ego podem ser bons ou maus.

Carl Gustav Jung

No parágrafo 14 de sua obra AION; Estudos sobre o Simbolismo do Si – Mesmo, Jung nos propõe a seguinte reflexão:

A sombra constitui um problema de ordem moral que desafia a personalidade do eu como um todo, pois ninguém é capaz de tomar consciência desta realidade sem dispender energias morais. Mas nesta tomada de consciência da sombra trata-se de reconhecer os aspectos obscuros da personalidade, tais como existem na realidade. […].

Conforme o penamento proposto por Jung, o lado sombrio de nossa psique  é o arquétipo que carrega em si a responsabilidade pela construção dos pensamentos, dos sentimentos e das sensações desagradáveis  no campo da consciência. Todo esse aglomerado de pensamentos e emoções são consciderados inaceitáveis e então são reprimidos no inconsciente. 
A sombra não pode ser eliminada, com ela é necessário que exista o confronto. Confrontá-la é algo indesejado pelo ego, afinal é um choque ver como se é e não como gostaria de ser. O grande objetivo do confronto é que o ego estabeleça uma relação amigável e equilibrada com a sombra. Para Carl Gustav Jung, é extremamente necessário admitirmos e levarmos a sério o nosso lado sombrio.  Assim, nos tornamos conscientes de da real intenção de nossa sombra e reconhecemos enfim as suas qualidades.


A regência de uma vida saudável gira sempre em torno do equilíbrio. O Ego e a Sombra devem trabalhar em perfeita harmonia. Quando o Ego e a Sombra se harmonizam, a pessoa começa a se sentir cheia de vida e energia para prosseguir em sua caminhada. Assim, o Ego deixa de obstruir a Sombra e passa a canalizá-la. A Consciência se expande trazendo vitalidade à atividade mental.
Portanto, podemos chegar á conclusão de que a Sombra não é totalmente negativa e destruídora, por outro lado, podemos perceber o quanto ela pode contribuir para o nosso desenvolvimento saudável e o quanto é importante termos um diálogo sincero e reflexivo com nosso aspecto sombrio, pois é através da assimilação dos nossos conteúdos sombrios que poderemos evoluir em nosso processo de Individuação.

Evandro Rodrigo Tropéia
Psicoterapeuta
CRP: 06/143949






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