Assim como o corpo
necessita de alimento para crescer e se sustentar, a Personalidade também
necessita de experiências adequadas para individuar-se.
O Processo de
Individuação proposto por Carl Gustav Jung (1875-1961) consiste no indivíduo
que inicia a sua vida numa espécie de totalidade indiferenciada. Bem como uma
semente que cresce e se transforma numa bela árvore, o ser humano se desenvolve
para chegar à sua totalidade, ou seja, a personalidade Plena.
O sujeito começa como
uma simples estrutura e vai se transformando numa estrutura complexa, assim
como uma larva se desenvolve e se transforma numa Borboleta. (HALL; NORBDY,
1980)
Segundo Jung (2009), a
Psicoterapia é um Processo de Individuação.
Através deste artigo, desejo compartilhar com os caros
leitores o importante papel dos pais no processo de Desenvolvimento da criança
e no caminho da Individuação da mesma.
Primeiramente, vamos
discorrer sobre a importância da função paterna no desenvolvimento da criança. A
figura paterna carrega em si, a responsabilidade de indicar o caminho, isto é,
através de sua presença paternal, além de ter a função de ser o provedor, o
protetor e o abrigo seguro, o pai deve ser aquele que aponta o caminho e nos dá
a direção.
Esse direcionamento é dado através da postura e da própria
personalidade do pai. Quando a figura paterna deixa de exercer o seu papel e
não oferece a liderança necessária, através do seu exemplo, fatalmente a
criança irá se desenvolver sem nenhuma direção e segurança na vida.
Todo indivíduo poderá
sofrer graves consequências ao perceber que o pai não respeita seus superiores
ou trata mal os seus subordinados, ou seja, as atitudes de um pai falam muito
mais do que mil palavras.
O pai insuficiente é
aquele que sempre está ausente e que vive ocupado. É importante ressaltar que o
trabalho, por mais tempo que ele possa tomar da vida de uma pessoa, não pode,
de maneira alguma, ser obstáculo na educação e na convivência com a criança.
Deixo aqui um alerta: Pai, não se afaste do seu filho! Reserve o melhor de si
para a criança!
Vamos conversar um
pouco sobre o papel fundamental da figura materna. A mãe carrega em si o dever
de cuidar da criança. É fundamental ressaltar que os cuidados maternos são
exigidos em todos os estágios da infância e da adolescência.
Podemos afirmar que nos
primeiros anos de vida a criança não possui uma identidade própria. Tal fato
nos remete a concluir que a psique da criança é o reflexo dos pais,
principalmente da mãe. Os primeiros estágios do desenvolvimento infantil são de
fundamental importância na vida de um ser humano.
A ausência da mãe durante as
primeiras etapas da vida, provavelmente trazem consequências graves e
extremamente dolorosas.
O calor da mãe é também fundamental nos anos seguintes da vida de uma pessoa, principalmente na
adolescência. Em muitas ocasiões, a maioria das pessoas, acham que o
adolescente já está “grande” demais e não necessita mais de colo e atenção.
Grave engano! Necessita e muito! É justamente nesta etapa da vida que seu filho
ou sua filha mais necessitam de apoio, carinho e dedicação. Negligenciá-lo
nesse estágio, pode se configurar numa catástrofe total.
O fato da mulher
trabalhar fora, assim como no caso do pai, não pode ser uma barreira no
contexto educacional da criança ou do adolescente. O contato estabelecido entre
mãe e filho, jamais deverá ser medido por um relógio e sim pelo seu valor
interior. Faça com que o momento em que você estiver com seu filho seja um
momento único e valoroso!
A mãe é o primeiro elo do ser humano com o mundo.
O
Nascimento em si, gera no bebê sua primeira experiência extremamente
assustadora, onde a criança sai de um mundo totalmente acolhedor e caloroso do
ventre da mãe e migra para um mundo completamente caótico e inseguro.
O colo
acolhedor da mãe é para o bebê um conforto, um abrigo seguro e um espelho no
qual ele é refletido e percebe então a sua própria existência.
"O primeiro
espelho da criatura humana é o rosto da mãe: A sua expressão, o seu olhar, a
sua voz.[...] É como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo! (D.
W. Winnicott)
Uma criança quando não é desejada e passa a ser rejeitada, não conhece o
amor e a cooperação no seio familiar. Não sentem confiança em suas habilidades
e não se sentem dignas de receber amor e afeto dos outros, pois não tiveram as
condições mínimas necessárias para isso.
Quando adultos podem se tornar frios, duros ou extremamente carentes e
dependentes da aprovação e do reconhecimento das outras pessoas.
Segundo Hall e Norbdy (1980), a Psique infantil a priori, está sujeita a
refletir todos os distúrbios psicológicos dos pais. Como conseqüência, a
psicoterapia dos filhos consiste em realizar a análise dos pais.
De acordo com o pensamento proposto por Jung (2016), quando a criança
inicia a sua vida escolar, sua identificação com os pais vai diminuindo,
passando a desenvolver aos poucos sua própria individualidade.
Jung (2009) relata que, não se pode deixar de mencionar o perigo
existente no fato de que muitos pais continuam a exercem extremo domínio sobre
o filho com excesso de super proteção, tomando decisões por ele e assim,
impedindo que a criança tenha uma ampliação de suas experiências. Caso isso
ocorra, a individuação dessa personalidade também ficará altamente prejudicada.
O mesmo perigo poderá ocorrer quando um dos pais, ou ambos tentarem
impor para a criança a sua própria constituição psicológica, ou se um dos dois
procurar compensar as suas fraquezas psíquicas, encorajando o filho a
desenvolver na sua personalidade individual aquilo que na verdade é desejo dos
pais. Por exemplo: Pais introvertidos querem que os filhos sejam como eles, ou
também pais introvertidos que desejam que seus filhos sejam o oposto. Em
qualquer um dos casos, a criança ficará prejudicada e sofrerá desequilíbrio (JUNG,
2009).
Conforme Hall e Norbdy (1980), a função Materna é diferenciada com
relação à função Paterna. A relação do menino com a mãe indicará de que maneira
a sua Anima (parte feminina na psique masculina) vai se desenvolver, enquanto
que a relação com pai determinará o desenvolvimento da Sombra. Com uma menina
acontece o oposto. A relação da menina com o pai indicará de que maneira seu
Animus (parte masculina na psique feminina) vai se desenvolver, enquanto que a
relação com a mãe determinará o desenvolvimento da Sombra.
No entanto, tanto o pai como a mãe contribuem consideravelmente para a
formação da Persona da criança.
Evandro Rodrigo Tropéia
Psicoterapeuta
CRP: 06/143949
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
HALL C.S. e NORDBY V. J. Introdução à
Psicologia Junguiana, São Paulo, Cultrix, 1980.
JUNG, C. G. A Natureza da Psique. 7. ed. Petrópolis:
Vozes, 2009.
JUNG, C. G. Memórias, Sonhos e
Reflexões. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2016.
O Brincar em Winnicott - http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/33505/o-brincar-em-winnicott
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