Na concepção de Poker (2001), a surdez
consiste na perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras,
variando em graus e níveis que vão de 25 decibéis (surdez leve) e anacusia
(surdez profunda). As pessoas com surdez enfrentam inúmeros
problemas para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição
e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Muitos
alunos com surdez podem ser prejudicados por falta de estímulos adequados ao seu
potencial cognitivo, sócio-afetivo, linguístico, e político-cultural e ter
perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem.
Estudos realizados na última
década do século XX e início do século XXI, por diversos autores e
pesquisadores oferecem contribuições à educação de filhos com surdez na escola
comum ressaltando a valorização das diferenças no convívio social e o
reconhecimento de potencial de cada ser humano. Poker (2001) afirma que as
trocas simbólicas provocam a capacidade representativa desses alunos,
favorecendo o desenvolvimento do pensamento e do conhecimento, em ambientes
heterogêneos de aprendizagem.
A inclusão de pessoas com surdez na escola
regular requer que se busquem meios para beneficiar sua participação e
aprendizagem tanto na sala de aula como no Atendimento Educacional
especializado (AEE). Conforme Dorziat (1998), o aperfeiçoamento da escola comum
em favor de todos os alunos é primordial. Assim, a unidade escolar precisa
programar ações que tenham sentido para os alunos em geral e que possa ser
compartilhado com os alunos com surdez.
Segundo Poker (2001), o ambiente em que a
pessoa com surdez está inserida, principalmente o da escola, na medida em que
não oferece condições para que se estabeleçam trocas simbólicas com o meio físico
e social, não exercita ou provoca a capacidade representativa dessas pessoas,
comprometendo o desenvolvimento do pensamento. A pesquisadora constatou que
nesse caso, a natureza cognitiva da pessoa com surdez está relacionado à:
(...)
deficiência de trocas simbólicas, ou seja, o meio escolar não expõe esses
alunos a solicitações capazes de exigir deles coordenações mentais cada vez
mais elaboradas, que favorecerão o
mecanismo de abstração reflexionante e como consequência obterão os
avanços cognitivos. (POKER, 2001. p. 300)
Considerando a necessidade do desenvolvimento
da capacidade representativa e linguística dos alunos com surdez, a escola
comum deve viabilizar sua escolarização em um turno e o Atendimento Educacional
especializado em outro, contemplando o ensino de libras e o ensino da língua
portuguesa.
Referência Bibliográfica:
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Educação Escolar
Inclusiva das Pessoas com Surdez na Escola Comum: Questões Polêmicas e Avanços
Contemporâneos. In: II Seminário Educação Inclusiva: Direito à Diversidade,
2005, Brasília, Anais... Brasília: MEC, SEESP, 2005. p. 108-121.
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