Segundo a Psicologia Analítica Junguiana a religiosidade
é uma função natural, inerente à psique, sendo assim considerado um fenômeno
universal. A religião é encontrada desde
os tempos mais remotos nas mais variadas culturas, povos e nações. Para Jung a
religião é um instinto.
Nise da Silveira nos revela que a divergência entre Jung
e Freud, neste assunto, é absoluta. Segundo Carl Gustav Jung a religião apresenta-se
como um fenômeno genuíno; enquanto que para Sigmund Freud é um derivado do
complexo paterno e uma das sublimações possíveis do instinto sexual, sendo
considerado pelo mesmo como uma espécie de neurose.
A psiquiatra Nise da Silveira nos concede o seguinte
apontamento:
“Jung toma atitude positiva em relação às religiões. Todas são
válidas na medida em que recolhem e conservam as imagens simbólicas oriundas
das profundezas do inconsciente e as elaboram em seus dogmas, promovendo assim
conexões com as estruturas básicas da vida psíquica.”
Essas conexões são de tanta importância que
Jung,fundamentado no seu trabalho de psicoterapeuta, chegou à seguinte
conclusão:
"Entre todos os meus doentes na segunda metade da vida, isto é,
tendo mais de trinta e cinco anos, não houve um só cujo problema mais profundo
não fosse constituído pela questão de sua atitude religiosa. Todos, em última
instância, estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre
deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recobrar
a atitude religiosa que lhe fosse própria. Isto, está claro, não depende
absolutamente de adesão a um credo particular ou de tornar-se membro de uma
igreja”.
Carl Gustav Jung utiliza a palavra religião no sentido de
religio (re e ligare), tornar a ligar.
A religiosidade nos remete
ao fato de religar o consciente com certos poderosos fatores do inconsciente a
fim de que sejam tomados em atenta consideração. Estes fatores são
caracterizados por suas intensas cargas energéticas e intenso processo dinâmico.
Nise da Silveira relata que para Jung todas as religiões originam-se basicamente de encontros com esses
fatores dinâmicos do inconsciente, seja em sonhos, visões ou êxtases. Esses
fatores se apresentam encarnados em imagens dos mais diversos aspectos: deuses,
demônios, espíritos.
Jung reconhece “todos os deuses possíveis e
imagináveis, sob a condição única de que sejam ou tenham sido atuantes no
psiquismo do homem".
Não importa que "todas as afirmações
religiosas sejam impossibilidades físicas".
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