quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O SÍMBOLO E A ENERGIA PSÍQUICA



Partiremos do princípio de que existe um Insondável Mistério Criador que nos remete a um Grande Segredo, onde não há como se chegar a uma conclusão ou uma resposta direta e concreta.
Estamos falando do Universo mais belo e mais complexo que se tenha conhecimento: A Psique Humana!
É preciso estar integrado com este universo desconhecido.

A Psicologia Analítica nada mais é do que a integração das polaridades: positivo e negativo, o bem e o mal, a luz e a sombra, Consciente e Inconsciente.
Esta integração é realizada através dos símbolos e da Canalização de Energia Psíquica.
O símbolo é aquele que carrega a função de unir/ juntar os pólos.



Segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), quanto mais a nossa psique se integra ao universo, mais nos tornamos criativos e inteiros.
A Energia Psíquica consiste em toda energia que realiza o trabalho da personalidade. Carl Gustav Jung (1875-1961) também utilizou o termo “libido”, assim como Sigmund Freud (1856-1939), para definir esse movimento da psique.

A grande diferença é que Jung não limitava a Libido apenas para o contexto sexual. Para ele, quando a libido se encontra em seu estado natural é apetite. Conforme a definição proposta por Jung, a Libido é direcionada aos apetites da fome, da sede, do sexo e também das emoções.




Segundo Jung, a Energia Psíquica é expressa por duas forças:
1)                 Forças Reais;
2)                 Forças Potenciais.

As Forças Reais são: Perceber, lembrar, pensar, sentir e querer.
As Forças Potenciais são: as predisposições, as tendências latentes e as propensões.

Todas as experiências do dia-a-dia são instaladas na psique e se transformam em energia psíquica. Até mesmo no momento em que estamos adormecidos, a psique continua em movimento, produzindo através dos sonhos.



A Energia psíquica se volta para diversas direções e pode assumir qualquer tipo de característica.

Segundo Jung, as áreas importantes para se investir uma energia equilibrada são: Corpórea, Familiar, Vínculos amorosos, profissional, social e espiritual.




Carl Gustav Jung (1875-1961)
Carl Gustav Jung também nos direciona ao pensamento de que, tal como a energia física, a energia psíquica também é encaminhada e transformada, isto é, a energia psíquica é canalizada para algo pelo qual damos um intenso valor, como por exemplo, as pessoas que amamos e fazem parte de nossas vidas, nossos trabalhos, nossos lazeres, bem como as doutrinas que são aprendidas e vivenciadas dentro de uma instituição religiosa.



Para Jung este valor nos remete a medida da quantidade de energia consagrada a um elemento psíquico particular. Portanto, através de uma má canalização energética surge o desequilíbrio.


 O processo terapêutico é um dos caminhos que podem nos conduzir a uma canalização equilibrada dessa energia, isso nos remete à busca pelo equilíbrio entre Mente e Corpo.


(Evandro Rodrigo)



Referências Bibliográficas:
 HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.


terça-feira, 23 de agosto de 2016

FUNÇÕES PSICOLÓGICAS


O Psiquiatra Suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), nos deixou um ensinamento muito importante e determinante no contexto do Funcionamento da psique. Este ensino nos remete as Quatro Funções Psicológicas:
·                    Pensamento;
·                    Sentimento;
·                    Sensação;
·                    Intuição.

Jung divide as Funções Psicológicas em dois grupos:

·         As Irracionais (Percepção): Sensação e Intuição;
·         As racionais (Julgamento): Pensamento e Sentimento.

O Pensamento é uma função psicológica que tem a missão de associar idéias umas as outras para que se possa chegar a uma conclusão e uma solução de um determinado problema. É uma função intelectual, com o objetivo de compreender as coisas.

Pensamento


As principais características do Pensamento são: A lógica, a racionalidade, a objetividade e a busca pelos resultados.






A Função Sentimento é avaliadora, o trabalho exercido por ela consiste em aceitar ou rejeitar uma idéia, definindo-a como agradável ou desagradável.


Sentimento
Suas principais características são: A Afetividade, a conciliação, o zelo por sua subjetividade e seus relacionamentos emocionais com as pessoas.







Segundo Jung, a Sensação é uma percepção sensorial que consiste em todas as experiências conscientes produzidas pelos órgãos dos sentidos: Visões, ruídos, cheiros, paladares e todas as sensações que se originam no interior do nosso corpo.

Sensação


As características principais que nos remetem a essa função são: A utilização dos Cinco Sentidos, a percepção de algo concreto, o senso da realidade e a realização. Esta função também é muito ligada com o “Aqui e Agora”.







A Intuição não exige nenhum julgamento, pois o indivíduo não sabe de onde ela vem, nem de onde se origina. Esta função também é muito conhecida como percepção extra-sensorial. 

Intuição



Suas principais características: O Sexto Sentido, Imaginação, Visão de futuro, forte criatividade e facilidade para enxergar novas possibilidades.






“Esses quatro tipos funcionais correspondem aos recursos óbvios através dos quais a consciência obtém sua orientação para a experiência.”
(Carl Gustav Jung)









A Sensação nos diz que uma coisa existe, o Pensamento nos diz o que é essa coisa, o Sentimento nos informa se a coisa é agradável ou não, e a Intuição nos diz de onde ela vem e para onde ela vai.
Na realidade, todos nós temos as Quatro funções Psicológicas, porém existe a Função Principal (onde me sinto mais confortável), a Auxiliar, a Terciária e a Inferior (função que exige algo a mais de mim / consiste na atuação da Sombra).
Ex: Se minha função principal for o Pensamento Introvertido, minha função inferior será Sentimento Extrovertido. (100% oposto).
Quando a repressão é muito rígida por conta da função do Pensamento (razão), a Função sentimento é forçada a buscar maneiras tortuosas para demonstrar caráter. (Ex: A loucura).

Qual é a sua Função Psicológica principal?


Encontre seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça terapia!

(Evandro Rodrigo Tropéia)




Referências Bibliográficas:


 HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.



sexta-feira, 29 de julho de 2016

UM DIA DEPOIS DE AMANHÃ - VIDA HUMANA PÓS-INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA



O presente artigo diz respeito a um tema de extrema complexidade que se refere ao seguimento da vida humana pós-internação em hospital psiquiátrico. Este é um processo doloroso que exige um intenso grau de cautela e uma atenção redobrada.
A pesquisa retrata a importância do carinho, do acolhimento e do percorrer do tratamento que todo ser humano tem direito a dar prosseguimento.
O apoio e o acolhimento no Ambiente familiar é de fundamental importância neste doloroso processo de readaptação. Esta etapa do tratamento no remete a uma representação simbólica de um renascimento.


Uma das instituições mais importantes e mais eficazes para a realização de tal trabalho acolhedor é o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades de atendimento intensivo e diário aos portadores de sofrimento psíquico grave, constituindo uma alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico e permitem que os usuários permaneçam junto às suas famílias e comunidades.
O Caps tem como principal objetivo a integralidade no tratamento de pessoas que sofrem com transtornos mentais – psicoses, neuroses graves e demais quadros- cuja severidade e persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida.


BARREIRAS DA VIDA PÓS-INTERNAÇÃO

Um dos grandes enfrentamentos que pacientes com transtornos psicopatológicos devem superar após o doloroso período de internação, é o rótulo; que são selos impostos por uma sociedade extremamente rígida no questionamento de contextos considerados padronizados ou não padronizados, onde estes podem prejudicar a inserção na sociedade novamente (ABNET, 2012).


Estamos expostos a uma sociedade extremamente julgadora. Com relação aos pacientes que carregam em seu histórico de vida, a penosa mancha de uma internação psiquiátrica, esta imposição se desenvolve de maneira ainda mais cruel e severa.
Segundo Olinda (2013), estamos vivendo um período de nomeação de novas fobias que relatam o preconceito imposto pela civilização. Uma das fobias que se transforma em crime, assim conhecida como Psicofobia.

 A Psicofobia nos remete ao preconceito contra as pessoas consideradas não padronizadas, tais como os seres humanos que carregam transtornos ou deficiências mentais.
 Sigmund Freud (1856-1939), em uma de suas grandiosas obras, “O mal-estar na Civilização”, retrata muito bem esta imposição da civilização sobre a raça humana:





“A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.”

(FREUD, 1930).







Uma das funções importantes do acompanhamento que deve ser feito ao paciente pós-internação é a reintegração do ser humano à sociedade. O CAPS é mais do que simplesmente um refúgio para que o sujeito fuja do mundo externo. Esta instituição passa a ser a ponte entre a internação e inserção a sociedade.


São disponíveis cinco tipos de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), de acordo com os tipos de demanda dos usuários atendidos, assim se diferenciando como CAPS I, atende entre 20 mil e 50 mil habitantes, pacientes adultos protadores de transtornos mentais graves e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas; CAPS II, atende municípios com mais de 50.000 habitantes, seu público alvo são adultos com transtornos mentais persistentes e o mesmo podendo oferecer um terceiro período, funcionando até às 21 horas; o CAPS III, atende municípios com população acima de 200 mil habitantes, estas unidades pode ter funcionamento por 24 horas, inclusive feriados e fins de semana, trabalhando com uma equipe multidisciplinar, atendendo pacientes que precisam de atenção integral e que buscam o serviço do CAPS; já o CAPSI, possui um atendimento diferenciado, tendo serviço especializado e voltado para crianças e adolescentes que possui algum transtorno mental em municípios com população acima de 200.000 habitantes e CAPSad, possui atendimento a pessoas que se utilizam do álcool  e outras drogas de maneira prejudicial, para cidades com mais de 200.000 habitantes (PORTAL-EDUCAÇÃO, 2013).
Segundo o Ministério da Saúde, no país há 2.209 CAPS, onde o atendimento é próximo à família. Nesses locais também há possibilidade de internação, de curta duração, em caso de orientação médica. Já no Brasil, são 32.290 leitos psiquiátricos, em hospitais especializados (178) e gerais (ABRATA, 2015).
Os CAPS é um serviço aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), são instituições destinadas em acolher pacientes com transtornos mentais, designados a estimular sua integração social, cultural e familiar, apoiando suas buscas pela autonomia, oferecendo atendimento por equipe interdisciplinar e é um serviço criado para ser substitutivo e para diminuir internações em hospitais psiquiátricos (CREMESP, 2010).




 CONCLUSÃO

Em virtude dos fatos mencionados concluímos este trabalho com perspectiva positiva, apesar do muito que ainda precisa ser feito, de que a internação em hospitais psiquiátricos é uma medida que vem se desenvolvendo consideravelmente no decorrer dos anos.
É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos possam se conscientizar sobre a importância de um acolhimento saudável com amor, carinho e respeito com o ser humano em si, que vá além do tratamento psiquiátrico, afim de que se possa atingir objetivos e metas cada vez maiores para o crescimento desse processo humanizado no Brasil e no Mundo.
Este trabalho realizado em caráter de observação será concluído com uma celebre frase que define de uma forma muito poética, porém objetiva os fatores que contribuem e envolvem o processo do tratamento e do acolhimento humano que deve ser realizado com todos os pacientes que carregam em si um desequilíbrio psíquico regado com uma forte carga emocional originada de muitos conflitos internos e externos, conscientes e inconscientes:


“Conheça todas as técnicas, domine todas as teorias, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”. 

(Carl G. Jung)


 AUTORES:

Alexandra Cristina de Paula
Amaliani Raquel Oliveira dos Santos
Evandro Rodrigo Tropéia


REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

ABNET, Eduardo. Os Rótulos de diagnostico em pacientes da psiquiatria. 2012. Retirado do site: http://medico-psiquiatra.com/artigos/rotulos-diagnosticos-em-pacientes-da-psiquiatria.html e acessado 05/07/2015.

ABRATA, Equipe. Psiquiatras falam sobre crise na internação psiquiátrica para o jornal O Globo. 2015. Retirado do site: http://abrata.org.br/blogabrata/?p=1877 e acessado 05/07/2015.

CREMESP. Avaliação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado de São Paulo. 2010.

OLINDA, Caroline. Psicofobia está prestes a ser um crime. 2013. Retirado do site: http://www.gazetadopovo.com.br/saude/psicofobia-esta-prestes-a-ser-um-crime-4la8ql2a26qg1otwdyl273g3y e acessado 05/07/2015.

PORTAL-EDUCAÇÃO. Tipos de Atendimento em CAPS. 2013. Retirado do site: http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/42432/tipos-de-atendimento-em-caps e acessado 05/07/2015.


http://www.freudonline.com.br/livros/volume-21/vol-xxi-2-o-mal-estar-na-civilizacao-1930-1929/





quinta-feira, 28 de julho de 2016

DINÂMICA DA INTERAÇÃO CLÍNICA



ASPECTOS CONSCIENTES E INCONSCIENTES

A Dinâmica da Interação Clínica entre Psicólogo – Paciente, vai se desenvolvendo durante o Processo Psicodiagnóstico. Essas duas pessoas iniciam uma relação e passam a interagir em dois planos: Atitudes e Motivações. Ambos são compostos por aspectos Conscientes e Inconscientes.
Segundo Cunha (2000), este processo consiste na identificação de forças e fraquezas na psique. Essa identificação é atribuída a dois modelos:
·                    Modelo Categórico: qualitativo;
·                    Modelo dimensional: quantitativo.

Através da coleta de dados, o Psicoterapeuta inicia o seu julgamento clínico e nesta etapa do processo é preciso estar bem atento às questões fundamentais trazidas pelo próprio paciente.


O contato com o paciente é muito importante. Para Carvalho (1955), a expressão contato, se origina da raiz “contactum”, que significa exercitar o tato. Dessa forma, é importante ressaltar que o Processo Psicodiagnóstico nos remete ao ato de tatear pelos meios da angústia, da desconfiança e do sofrimento que o paciente carrega através dessa busca pela ajuda. Tatear é lidar com as mais variadas resistências ao processo, sentimentos e situações desconhecidas.

Carl Gustav Jung

Segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), a marcação de uma consulta é a formalização de um processo já iniciado, precedido de uma angústia intensa e ambivalência. Nesta etapa, o paciente já admite a existência de um grau elevado de perturbação e de intensa dificuldade de elaboração que justificam a necessidade de buscar um auxílio terapêutico.




Zimermann (1992) nos aponta que, as Motivações Inconscientes se encontram nos níveis mais profundos da psique. Essas motivações consistem no motivo real da consulta, que na maioria das vezes, é desconhecida pelo paciente e por todas as pessoas que estão ao seu redor. Cabe ao Psicoterapeuta perceber, escutar, aproximar e observar como o paciente trata a si mesmo e a sua angústia. É preciso observar todos os movimentos, pois estes podem ser importantes indicadores de aspectos Inconscientes.


No Campo das motivações, se encontram o terapeuta e o paciente com seus aspectos Inconscientes, assumindo papéis de acordo com os sentimentos primitivos e as fantasias que carrega em sua mente.

No plano Inconsciente, têm-se os seguintes fenômenos:
  •        Transferência
  •    Contratransferência.




A Transferência é um processo pelo qual o sujeito inconsciente e impropriamente, desloca para o Psicólogo, aqueles modelos de comportamentos e as reações emocionais que se originaram com as figuras significantes de sua infância. Na Transferência, o paciente transfere para o terapeuta figuras como o pai, mãe, irmão, marido, etc.
A resistência do paciente também se caracteriza numa forma de Transferência. Neste caso, o paciente compete, ou tenta obter provas da aceitação do terapeuta, buscando através da manipulação. Muitos atribuem ao psicólogo uma espécie de grande poder, devido a isso lançam o desafio de resolver magicamente os seus problemas.
É preciso diferenciar a Transferência da “Aliança Terapêutica”, que consiste na relação do Ego catalisador com o componente saudável, observador e racional do Ego do Paciente.
Para Jung, é desejável para o tratamento que essa aliança, seja de tal forma fortalecida que o paciente possa depositar sua fé e confiança no terapeuta – um processo, que infelizmente é reconhecido de maneira errada como um modo de manter “transferência positiva”.


Na Contratransferência cabe ao Psicólogo a administração de todos os dados transferenciais. É um processo que requer muito cuidado, pois a Contratransferência consiste num fenômeno terapêutico que ocorre na projeção de aspectos psíquicos do terapeuta para o paciente. Neste fenômeno, o psicólogo pode ficar dependente do afeto do paciente, deixando-se envolver por elogios, presentes e propostas de ajuda, correndo o risco de ser tentado a prolongar o vínculo além do que realmente é necessário.
Torna-se fundamental que o Profissional em Psicologia esteja alerta à Contratransferência e compreendê-la como um processo dentro da normalidade, buscando dar conta de seus próprios sentimentos.
Por essa razão, é muito importante que o Terapeuta também esteja em processo de Análise. É fundamental a compreensão de si mesmo para que assim, possamos compreender o outro. Através da análise do próprio eu, do conhecimento das próprias incapacidades, limitações, paixões e sofrimentos psíquicos, é possível, pela própria experiência, alimentar a capacidade de ajudar o outro.



Encontre seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça terapia!

(Evandro Rodrigo Tropéia)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CUNHA, Jurema Alcides – Psicodiagnóstico V – 2000


HANS DIECKMAN, Berlim (Revista de Psicologia Analítica – Vol III, nº 1 – Março 1972) – trad. Denise Mathias e João Bezinelli