quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

SEQUESTRO DO EU: POSIÇÕES - SEQUESTRADOR E SEQUESTRADO


Dentro do que chamo aqui de sequestro do eu, o objeto amado toma a posição do sequestrador que tem o domínio e o controle total da situação no cativeiro simbólico, enquanto que, o sequestrado é o ego fragilizado, debilitado em sua totalidade por conta dessa perda extremamente dolorosa da liberdade.
É a doentia relação existente entre Dominador e Dominado, onde o “outro” mantém o controle total do funcionamento psíquico do ego completamente empobrecido.
O Sequestrador inicia no sequestrado um terrível processo de privações a princípio psicológicas que posteriormente atingirão o corpo físico do sujeito dominado. Ao ser afastado de suas particularidades e distanciando-se de tudo que o idealiza, o sequestrado mergulha num estado de solidão. Não se trata aqui de uma solidão comum e sadia pela qual todos nós passamos um dia e em muitos momentos é expressamente necessária. Trata-se de uma solidão muito profunda, caracterizada como a ausência de si mesmo.
Ao se afastar de sua subjetividade e tudo o que ela representa, o sujeito sente-se excluído e privado de ser ele mesmo e passa a viver categoricamente em função do objeto amado.
O sequestro da subjetividade humana é comparado a um cárcere. Existem cárceres que vão muito mais além de paredes e celas. São prisões que não são concretas, são invisíveis aos olhos humanos e, portanto não há nada concretamente a ser quebrado.
Vamos utilizar a seguinte metáfora:
No sequestro do corpo há um cativeiro localizado que precisa ser aberto. Já no sequestro do eu os cativeiros não possuem localizações visíveis. Trata-se de uma prisão sutil, mas por outro lado sua crueldade é muito mais intensa e dolorosa.

Este sequestro consiste em tudo aquilo que nos priva de nós mesmos, onde corremos o extremo risco de abrir mão de nossos próprios valores e projetamos toda nossa disposição e totalidade de ser pessoa no “outro”.

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