Dentro
do que chamo aqui de sequestro do eu, o objeto amado toma a posição do
sequestrador que tem o domínio e o controle total da situação no cativeiro
simbólico, enquanto que, o sequestrado é o ego fragilizado, debilitado em sua
totalidade por conta dessa perda extremamente dolorosa da liberdade.
É a
doentia relação existente entre Dominador e Dominado, onde o “outro” mantém o
controle total do funcionamento psíquico do ego completamente empobrecido.
O
Sequestrador inicia no sequestrado um terrível processo de privações a
princípio psicológicas que posteriormente atingirão o corpo físico do sujeito
dominado. Ao ser afastado de suas particularidades e distanciando-se de tudo
que o idealiza, o sequestrado mergulha num estado de solidão. Não se trata aqui
de uma solidão comum e sadia pela qual todos nós passamos um dia e em muitos
momentos é expressamente necessária. Trata-se de uma solidão muito profunda,
caracterizada como a ausência de si mesmo.
Ao se
afastar de sua subjetividade e tudo o que ela representa, o sujeito sente-se
excluído e privado de ser ele mesmo e passa a viver categoricamente em função
do objeto amado.
O
sequestro da subjetividade humana é comparado a um cárcere. Existem cárceres
que vão muito mais além de paredes e celas. São prisões que não são concretas,
são invisíveis aos olhos humanos e, portanto não há nada concretamente a ser
quebrado.
Vamos
utilizar a seguinte metáfora:
No
sequestro do corpo há um cativeiro localizado que precisa ser aberto. Já no
sequestro do eu os cativeiros não possuem localizações visíveis. Trata-se de
uma prisão sutil, mas por outro lado sua crueldade é muito mais intensa e
dolorosa.
Este
sequestro consiste em tudo aquilo que nos priva de nós mesmos, onde corremos o
extremo risco de abrir mão de nossos próprios valores e projetamos toda nossa
disposição e totalidade de ser pessoa no “outro”.
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